segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Imagina na Copa...

Não sou dessas que passa bordões pra frente... só que no fim de semana eu vivi uma situação que me fez pensar exatamente isso: “imagina na Copa”. Eu explico.


Cinema. Na minha vida, sábados não são dias de ir ao cinema, mas quando a principal companhia da sua vida trabalha durante a semana, estuda, se cansa e, justamente no sábado pede pra ir ver Robocop, a nova sensação com participação brasileira, como não deixar de lado a preferência pelo cinema de segunda a quinta-feira?
Foi o que fiz. E como o pedido do Devan para o filme foi feito no começo da tarde, consegui me programar. Entrei no site de venda de ingressos, escolhi a sessão, o horário do filme legendado e, principalmente, passei por toda aquela chateação de escolher cadeiras que, na última etapa da operação de compra, por cinco vezes, estavam ocupadas... enfim. Depois de várias tentativas e escolhas de cadeiras, pronto. A operação estava feita. Nossas cadeiras eram a M 08 e a M 09. É, uma das vantagens de comprar os ingressos com antecedência ou pelo site é que dá pra escolher duas cadeiras juntas, sem aquele estresse de ficar por vários minutos na fila de entrada, pra conseguir sentar perto do marido, namorado, amiga ou quem quer que esteja no cinema com a gente.
Como instruções do site de vendas, chegamos ao cinema meia hora antes para pegar os ingressos. E com cadeiras numeradas, nem precisávamos nos preocupar com a fila na entrada. Ai, que engano!
Pois bem. Às 21h e 18 minutos entramos na sala 02. A esta altura, dois minutos antes de a sessão começar, o ambiente estava razoavelmente cheio, da metade pra trás. Nossa cadeira era na fileira M. Como a primeira, lá na frente, é a A, a fileira M fica um pouco atrás da metade da sala. Ok. Sem problemas. A ideia, ao comprar na M era exatamente essa.
J, K, L, M. As duas primeiras cadeiras da fileira, 11 e 10, estavam ocupadas. Era um casal de meia idade. A 9, ao lado da 10, estava vazia e a 8, adivinha! Ocupada. As propagandas de outros filmes, rolando na tela. Eu disse ao rapaz que estava na cadeira: “Por favor, que número é a sua cadeira?”. Ela disse que era 8 e que, ao lado dele, só havia uma vazia. Ou seja: “Como você está acompanhada, vai ter que procurar outro lugar se não quiser sentar longe dele”. Pelo menos foi o que eu entendi. Eu disse: “Sim, mas 08 é o número que está no meu ingresso”. Ele, em poucas palavras: “Sim, mas como eu não sei onde é a minha cadeira, procura um outro lugar aí”.
Se as pessoas que estavam no cinema não tivessem começado com aqueles famosos “shhhhh”, eu teria continuado a discutir com ele. Não sou dessas – de novo, mas para evitar discussão, nos sentamos nas cadeiras 10 e 11 da fileira K, duas à frente da nossa. Só que por exatos 40 segundos. Um casal chegou e disse: “esses são os nossos lugares”, já com os ingressos na mão, para não nos dar argumento.
Eu já estava P da vida. Levantamos e nos sentamos na fileira J. Uma à frente da K. E, confesso, no fundo o que eu queria é ter que sair de novo dali, pra ter que me levantar e fazer o cara sair da cadeira que eu tinha escolhido. E foi exatamente o que aconteceu. Um minutinho depois, assim que começaram as primeiras cenas de Robocop, chegaram dois rapazes, donos das cadeiras que havíamos escolhido pela segunda vez.
Aí pronto. Era o que eu precisava.
Voltei à M 09. “Por favor, precisamos que você nos dê licença, porque se cada vez que nos sentarmos em uma cadeira, o dono dela chegar, não vamos ver o filme”. E ele, lindamente, respondeu: “Eu não vou sair daqui pra não perder o filme. Tem um monte de cadeira disponível no cinema”.
Ai, Deus, desta vez, me segura. O Devan, que é sempre quem precisa ser segurado, parecia ter deixado pra eu resolver. Melhor, com certeza... as resoluções dele nunca acontecem de forma amigável...
De fato tinha umas oito fileiras inteiras vazias, mas se eu tinha escolhido duas cadeiras na fileira M, porque queria sentar nelas. Podia ser simpatia, promessa ou, simplesmente, o fato de eu querer. E eu querer é motivo. Pronto.
Sem dizer mais nada, desci as escadas laterais e fui até o lanterninha. Disse a ele que estava com dificuldades de encontrar o meu lugar. Ele prontamente subiu comigo. Quando chegamos à fileira K, eu entreguei meus ingressos a ele. Com a lanterna, ele iluminou o rosto do rapaz e falou alguma coisa. Ouvi o cara dizer: “Mas a minha poltrona está ocupada”.
Ao som de vários “Shhhhhh” e “oh o barulho aí”, o lanterninha saiu da fileira K e nos disse: “Se ele não sair, vocês vão querer que eu pause o filme?”. “CLAROOOO!”.Não, não falei assim. Eu disse “sim, por favor”.
O lanterninha foi até a cadeira que indicava o lugar do rapaz que ocupava uma das nossas cadeiras e, pasme, ela estava vazia. Sim, vazia. O cara ocupou uma cadeira diferente da que estava no ingresso dele, sem motivo algum. Não estava ocupada ou escondida. Era na fileira K, duas à frente da que ele tinha ocupado. O funcionário do cinema voltou, ainda ao som dos “shhhh” do povo e pediu que ele saísse e ocupasse a cadeira dele.
Chiando, reclamando e dizendo que “o povo é confundido, podia muito bem sentar em qualquer cadeira no cinema e estava importunando ele”. É, o rapaz que estava sentado na cadeira que eu marquei como minha, na hora de comprar o ingresso com antecedência, disse isso. Eu ouvi.
Ele ocupou a poltrona que estava marcada como dele no ingresso e nós finalmente ocupamos a nossa.
Foi mais ou menos o que aconteceu com o Marcelo, meu amigo-padrinho, no jogo inaugural do novo estádio do Mineirão. Ele estava com o ingresso para determinada cadeira, que, quando ele chegou, já estava ocupada. Os ocupantes disseram que não iriam sair porque outras duas tinham ocupado a cadeira deles também.
O caso do Marcelo teve desfecho diferente, porque funcionários do estádio e policiais militares não falaram com as pessoas que ocupavam as cadeiras dele. Apenas disseram ao Marcelo: “Rapaz, não arranja confusão, sente-se em qualquer lugar, há vários disponíveis”.
Eu fui só ao cinema ver um filme. Nada demais. O Marcelo só estava no jogo de inauguração das obras de reforma do Mineirão, nem valia título. Só que em poucos meses, o país vai ter um montão de gente estrangeira, em sua maioria acostumada a lidar com pessoas que têm o mínimo de educação, munida de ingressos que indicam em que cadeira ela deve sentar....

Ih... não quero nem ver. Aliás, não vou ver mesmo.

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