segunda-feira, março 17, 2014

As bobagens da nossa língua

Não, não to falando de erro propriamente dito, mas de grandes bobagens que todo mundo fala. Algumas delas, certos linguistas se remexem no caixão ou na cadeira, dependendo de quem seja, ao ouvir. Outras, não desagradam tanto. Outras ainda, sequer têm correspondentes e precisam mesmo ser usadas.
Pra mim, todos os estrangeirismos são exagero. Obviamente, de alguns ninguém tem como fugir, mas para a maioria deles, sim. Self service, delivery, Black tie, Buffet, game over, red carpet, vintage, home theater, cream cheese, e por aí vai… por mim, substituir sempre! Quando não dá, o que fazer? Nada. Ou chorar.



Mas e quando a gente ouve substituições absurdas? Sim, sim, de algumas eu já até falei aqui. É o caso dos repórteres de televisão, numa passagem em linha, que insistem em dizer, mostrando que um quarto está desarrumado: “como dá pra perceber, o ambiente ficou bem bagunçado”. Ei, gente! Se está ali e dá pra ver, ninguém precisa falar “perceber” em vez de “ver”. Até porque, perceber é sentir, “ver” por meio de sentidos. E se dá pra ver, com os olhos, dá pra ver, oras. É a mesma coisa quem “possui saudade”. Ta, ‘possuir’ é mesma coisa que ‘ter’, mas, cá entre nós, possuir saudade é um pouco exagero demais, não é?
E se o assunto é o tal do “por conta de”? Dá vontade de chorar! “Isso aconteceu por conta da chuva”, “não dá, por conta daquilo”. Sério, dá medo. A partir de quando “por causa de” e “devido a” foram substituídos por “por conta de”? Por favor, alguém me avise! Do mesmo jeito que o recorde (com o “o” agudo) virou récorde. Até o Word corrige a palavra “recorde” com acento no “e”.
Essa semana o exagero ficou por conta da propaganda do PT pra TV aberta. Dando ar às redundâncias existentes sobre a face da terra, o narrador diz: “oportunidades pra você ir MAIS ALÉM”. Como se “além” precisasse de “mais” pra ter sentido. Não, não precisa. “Além”, neste contexto, é auto suficiente. E ponto.
Há os sem-noção que, após anos de faculdade, conseguem falar “a nível de” e “sentir a sensação”, e escrever todos os ”quês” do mundo com acento (sim, “o quê eu disse”, “o quê tenho visto”, “cada um quê está entre nós”....). E a crase? É simples: peque pela falta, mas não pela sobra. Isso aí! Bateu a dúvida? Não use! Tem certeza? Consulte uma gramática... é mais seguro! E sobre o “a” com acento agudo”, se ele não vier precedido de “h”, o acento não existe. Viu como é fácil?
E olha que o assunto nem é os “concerteza”, “ancioso”, “nada haver”, “derrepente” - e outros, que aparecem o tempo todo na minha página inicial (e na sua também, com toda certeza).
Sabe o que dá vontade de fazer? Criar leis. As penas variariam de serviços sociais e multas a tempos de cadeia e aumentaria, conforme o nível do delito. Certamente teríamos candidatos a prisão perpétua.
Alguém duvida?

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