Para começar, "importância" é um critério bem
subjetivo. Não dá para dizer, por exemplo, que a biblioteca mais importante é a
maior. Se fosse assim, a campeã seria a biblioteca do Congresso Americano, em
Washington, nos Estados Unidos. É lá que está o maior acervo do mundo:
atualmente, são 119 milhões de livros espalhados em mais de 850 quilômetros de
prateleiras! Claro que é um centro importante, mas nada que se compare àquela
que muitos historiadores consideram a "mãe" das bibliotecas modernas,
que reunia os maiores cérebros do mundo. Isso numa época em que quase ninguém
sabia ler ou escrever, e que o conhecimento humano sobrevivia basicamente por
relatos orais. Estamos falando da biblioteca de Alexandria. Erguida no século 3
a.C., a biblioteca almejava "abrigar todo o conhecimento produzido pelo
homem". Quase chegou lá: o lugar chegou a ter 700 mil textos, uma
enormidade para a época. Essa grandiosidade ruiu a partir do século 3, quando o
imperador romano Aureliano invadiu Alexandria e, acredita-se, destruiu o lugar.
Na época, os nobres egípcios salvaram boa parte dos textos. Mas no ano de 642,
o general árabe Amr ibn al-As conquistou a cidade e perguntou a seu soberano, o
califa Omar, o que fazer com os livros. O califa disse que o único livro
indispensável era o livro de Alá - o Alcorão, obra sagrada dos muçulmanos. Amr,
então, distribuiu os livros pelas 4 mil casas de banho de Alexandria para que
eles fossem usados como combustível das caldeiras.
Relíquia egípcia
O CATALOGADOR
A tarefa de ordenar os papiros de Alexandria por temas coube
ao poeta grego Calímaco (300-240 a.C.). Usando ordem alfabética para
classificar os textos uma novidade para a época , Calímaco organizou as obras em oito assuntos: teatro,
oratória, poesia lírica, legislação, medicina, história, filosofia e miscelânea
O PÚBLICO
Apenas filósofos, matemáticos e nobres estrangeiros que
recebessem a permissão do rei do Egito podiam frequentar a biblioteca. A
situação só mudou quando os romanos conquistaram o país, em 30 a.C. A partir
daí, a biblioteca virou instituição pública, aberta a todos
OS PAPIROS
Os "livros" da biblioteca eram os papiros, espécie
de papel enrolado em que se escrevia. Cada um deles media 25 centímetros de
largura e até 11 metros de comprimento. Calcula-se que a biblioteca começou com
200 papiros. No século 2 a.C., esse número pode ter aumentado para um total de
700 mil papiros
O LUGAR
Provavelmente, a biblioteca ocupava uma área grande no Museu
Real de Alexandria não dá para ter certeza porque o
espaço foi destruído no século 3. Também há poucos detalhes sobre a decoração.
Alguns relatos falam sobre uma placa pendurada na entrada do local. Nela
estaria escrito "lugar de cura da alma"
OS BIBLIOTECÁRIOS
Além de classificar rolos de papiros, os bibliotecários
organizavam textos antigos. Os poemas clássicos Ilíada e Odisséia, atribuídos
ao grego Homero e feitos entre os séculos 9 e 8 a.C., foram estruturados na
biblioteca nos capítulos que se conhece hoje pelo grego Zenódoto de Êfeso, no
século 3 a.C.
AS ESTANTES
Em sua origem grega, um dos significados da palavra
biblioteca é "estante". Em Alexandria, as estantes ficavam num longo
corredor, em reentrâncias próximas à parede. Em algumas recriações, as prateleiras
aparecem em forma de X, o que facilitava o armazenamento e o manuseio dos
papiros
OS ESCRIBAS
A profissão deles era copiar manuscritos. Em Alexandria, os
escribas tiveram trabalho de sobra. Durante o reinado de Ptolomeu III (246-221
a.C.), um decreto mandava confiscar livros encontrados com estrangeiros. Os
escribas reproduziam os manuscritos e só então devolviam os textos a seus donos
O IDEALIZADOR
A biblioteca foi erguida no século 3 a.C. por ordem do
general macedônio Ptolomeu I, a quem Alexandre, o Grande, entregou a
administração de Alexandria após a conquista do Egito. Sob a dinastia
ptolemaica, que durou até o ano 30, a biblioteca tornou-se a maior de toda a
Antiguidade.
*Fonte: Mundo Estranho
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