segunda-feira, setembro 29, 2014

As expressões que eu odeio

Ah, sim. Algumas eu não gosto e por isso, simplesmente não falo. Outras eu não suporto, de jeito nenhum. Nem sob tortura! Algumas, confesso, me foram inspiradas pela Aline, minha irmã querida que ta lá longe, mas me inspira todos os dias com as “palavras que ela odeia”.
Nenhum diminutivo ou forma carinhosa de tratar algo público, pra começar. Carro é Corsa, Fusca e Gol, não Corsinha, Fusquinha e Golzinho. Se uma pessoa está com a agenda cheia e não pode me atender, não vou me importar de ouvir isso, não precisa tentar me poupar com um “to agarradinha”, nem me precaver com “se liberar te dou uma ligadinha”. Acho que sou muito bruta pra isso.
Meus cabelos não precisam de uma cortadinha e eu não preparo almocinho. É demais pra mim. “Molhadinha” não serve pra nada. Nem pra planta, nem pra rua, nem pra torta doce ou salgada nem pra qualquer outra coisa. É feia. E ambígua.
As redes sociais que todo mundo usa têm nomes e como não são grandes amigas minhas, daquelas pras quais eu posso ligar às 4 da manhã, não as trato por codinomes e apelidos. Facebook nunca foi “face” e Instagram é Instagram.
Com a Aline, minha irmã, aprendi a abominar “passeio” e “comentário”. Passeio, porque denota gente à toa. E comentário, assim como todas as suas variáveis, também.
Com o "advento das redes sociais", algumas viraram moda. E como toda pessoa grossa que se preze, preciso abominá-las.
"Yumi yumi" é uma delas. Ai, ai, ai. Usada pelas mais delicadas, a expressão indicam alguma "delícia": o lanche dos filhos, a paçoca da semana santa ou a sopa de legumes. Ta, até se fosse pra uma coisa mais gostosa, eu não me permitiria gostar. Yumi yumi talvez seja a americanização do "nham nham nham" que o Maurício de Sousa usava nos quadrinhos da Magali.
Outra é o tal do "por conta de". Sei que já falei disso, mas o nível do vício da expressão é de lascar. E irritar também, é claro. E quando o vício, todo-poderoso, transborda o nível gramatical no qual ele tinha que se manter e vira predador de outras classes gramaticais ao redor... aí dá vontade de chorar. Como eu sou defensora ferrenha do fim do "por conta de", a expressão entrou na minha lista de abomináveis.
Outra que entrou na lista das palavras não usadas porque boa parte da humanidade não sabe concordar é o velho "literalmente". Cansei de tanta gente dizendo: "morri de rir literalmente" e "chorei rios, literalmente", que parei. 
"Cotonet" é marca de certa haste flexível, eu sei, mas a palavra me assusta. E tenho certeza de que a você também. Quer testar? Diga "cotonet" quatro vezes em voz alta e vai saber do que estou falando.



Outra é "nhoc". Isso, aquele prato feito por bolas de batata com trigo cozidas, cobertas por um molho. Não gosto. Nem do prato nem da palavra. O prato, por puro preconceito, pelo fato de ele ser uma bola de batata com trigo. A palavra, por me remeter a alguém comendo a bola de batata com trigo. Confuso, eu sei, mas é assim que eu sinto.
Na classe dos verbos, "parir" é recorde. O pior de todos. Não pelo sentido, que fique claro. Não tem a ver com o significado, mas com a sonoridade. Assim como o plural de "gravidez". Acho tão tão feio, que preferiria que as pessoas dissessem: "tive uma gravidez e depois outra e outra", em vez de dizerem: "Tive três gravidezes".
Outro exemplos que evito usar, porque me faz lembrar alguém muito próximo, é "faixa etária", porque essa pessoa insistia que a expressão podia ser usada em qualquer tempo, desde que fosse em referência a qualquer média (tipo: "ah, o cento do papel ofício está custando na faixa etária de 6 reais". Sim, assim). Por isso, tenho medo.
E tem outro, da mesma pessoa: "apse". Eu sei que a grafia não é assim, mas ela insistia em usar nos textos e relatórios, "apse". De vez em quando dou até uma brincada com ela no Facebook (a parte chata é que alguém sempre me corrige... humpf!). Desde aquela época não uso a palavra. Ou tento não usar... pra evitar me lembrar das experiências que tive.
É, eu sou assim. E tenho outra lista enorme de exemplos, mas prefiro não comentar dizer.

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