segunda-feira, outubro 06, 2014

Meu eterno apoio às greves

Não sou subversiva. Pelo menos não na maior parte do tempo. Em coisas comuns, cotidianas, sou simples. Justa, eu arrisco dizer. Claro que  não em todos os meus conceitos, mas em boa parte deles.
E isso se aplica às greves. Em quase todos os casos, pra mim, elas são justas. E eu declaro isso o tempo todo.
Sou a favor de que as greves, por exemplo, causem transtorno. Não que eu quera sofrer transtornos, mas acredito que, para surtir efeito, ela precisa atrapalhar a vida de alguém. Quando os caminhoneiros paralisaram os serviços e pararam a Via Dutra, uma multidão ficou presa nos engarrafamentos quilométricos na rodovia. Havia crianças, idosos, grávidas e pessoas doentes. Não raro, pessoas diziam que não podia ser daquele jeito, que com tanto transtorno, os grevistas não iam chegar a lugar nenhum. O que não aconteceu. Com tanta gente parada, atrasos em centenas de milhares de empregos, crianças sem ter água pra beber e mais várias outras situações, a solução veio rapidinho. Pelo menos, mais rápido do que todo mundo acreditava.
Professores, motoristas e cobradores, metalúrgicos e outras classes, sempre precisam se mobilizar para receberem aquilo que lhes é garantido por lei. Sim, reajustes baseados na perda da inflação e em outros dados financeiros.
Na terça-feira desta semana, o país acordou com os bancários em greve. Além das portas fechadas para o atendimento pessoal, as portas de vidro de 9 mil agências foram praticamente cobertas por placas informando sobre a greve.




E desde então, talvez pelo fato de ser o começo do mês e quase todas as contas das pessoas normais estarem vencendo, todas as agências têm estado apinhadas. É gente nas filas dos caixas eletrônico das 11h da manhã até às 4h da tarde, sem exagero. Parece que todo mundo do mundo está nas filas dos caixas. As casas lotéricas fecham as portas, com dezenas de clientes aguardando atendimento.
Sem entrar no mérito das reivindicações deles, o que já foi feito por muita gente e, cá entre nós, não cabe a ninguém.
Com transtorno, certo? Sim, como tem que ser.
Aí, eu, que só pago contas pela internet, só transfiro valores pela internet e vivo a era do dinheiro de plástico, precisei ir a seis bancos em um só dia. Eram problemas inadiáveis do trabalho, que só poderiam ser resolvidos por mim.
Aí, sim, eu entendi o que é "transtorno".
Era depois do expediente, porque não tenho paciência pra fila.
Na primeira agência, grande toda vida, não consegui entrar. Sim, após o expediente, só acessam a agência os clientes. Para isso, a "senha" para a abertura da porta é uma ranhura, onde o cliente passa o cartão magnético da conta.
Esquece então.
Na segunda agência, quatro dos seis equipamentos de auto atendimento estavam "em manutenção". Vai ver tinha alguém ali atrás recolhendo ou colocando dinheiro, retirando envelopes de depósitos, imprimindo o "Z" - que por certo nem chama Z - ou fazendo qualquer outra coisa, que deixava tantos terminais em manutenção. Fiquei lá por exatos 16 minutos. As máquinas continuaram em manutenção e eu desisti.
Na terceira agência, eu precisava fazer quatro depósitos. Era o recorde da minha vida. "Nunca antes em tempo algum" eu havia depositado quatro valores em contas diferentes. A surpresa da tarde foi lá. Em nenhum dos 14 terminais de auto atendimento havia envelopes de depósito. Como assim? É, foi a mesma pergunta que eu me fiz nos dois dias seguintes, porque também eram dias sem envelopes. Resultado? Não pude fazer nada neste banco.
Era a vez da quarta agência a ir. Lá, eu ia fazer um saque de 400 reais, para depositar em uma conta na agência seguinte, a quinta.
Ótimo. Banco vazio, terminais funcionando - com depósitos, inclusive, e envelopes disponíveis. Como na minha vida necessariamente há poréns, desta vez também havia. Somente uma das máquinas estava liberada para saques. Eu só ficaria ali por trinta segundos e poderia ir ao banco seguinte. Aí, a minha surpresa maior: justamente a máquina que eu usaria para sacar 400 reais só tinha cédulas de 2 reais. Não, eu não to mentindo.
Eu pensei rápido: sacar 400 reais em notas de 2 reais ia me obrigar a, na agência seguinte, fazer uns quatro depósitos, por causa do limite de notas pra cada envelope.
Desisti. Fui embora pra casa sem me lembrar que a sexta agência que eu tinha que ir era a minha. Resultado: o maior transtorno da greve dos bancários eu vou ver no mês que vem, quando as faturas dos cartões e dos celulares chegarem com multa por atraso de pagamento nas faturas deste mês.
Pensando bem... maldita greve!

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