terça-feira, dezembro 23, 2014

Esse negócio de Natal

Não, não sou mau humorada ao ponto de detestar Natal e tudo o que esse negócio de Natal traz. Até fiz uma postagem ontem, no meu Twitter, sobre isso. Sim, eu queria me desligar nesses dias que antecedem o 25 e só acordar no dia seguinte. E, a quem interessar possa, não tem nada a ver com não gostar do Natal, das festas e de ser uma eterna desgostosa da vida. Tem a ver com o asco que as consequências que a proximidade do Natal trazem.




Quer exemplos?
Pra começo de conversa, desde o primeiro dia de dezembro, comprar qualquer coisa está praticamente impossível. E não to falando de presentes, to falando de arroz e feijão. Os mercados, por maiores que sejam, estão lotados. Não cabe nem um carrinho a mais. E os setores de açougue, assim como os de rua, estão recebendo o mesmo volume inacreditável de pessoas. 
Aí eu me pergunto "como?", já que, neste mês, os preços de todas as carnes subiram, em média, 20%. Quando o aumento foi anunciado, lá pelos idos de novembro, eu até imaginei que boa parte dos habitantes deste país iriam tentar as velhas substituições para a ceia, mas essa possibilidade foi completamente descartada. Todo mundo continua querendo o velho e bom churrasco, mesmo que isso custe bem mais do que nos anos anteriores. Isso só pode significar que somos, todos, um bando de idiotas. Não, não há outra opção. Se corremos dos preços altos o ano inteiro, substituímos tomate por chuchu, trocamos leite por água e cebola por pêssego, é só chegar dezembro que todo mundo emburrece e não abre mão da picanha, mesmo que ela custe os olhos da cara mais dois dentes da boca. É, é dezembro, e somos todos sem noção, só porque é Natal.
Ta vendo como não tem nada a ver com os festejos, em si?
Quando o assunto é o trânsito, não há nada pior sobre a face da terra. Se em dias normais, de março e setembro, andar pelas ruas da cidade sobre quatro rodas já é um parto, é só chegar dezembro pro parto complicado, como aqueles em que se tem que escolher entre a mãe ou o bebê. Posso estar exagerando, mas esta é a minha natureza.
Os carros não andam, os motoboys (ô raça desgraçada) intensificam as buzinas e as ultrapassagens proibidas pela direita, os motoristas dos ônibus insistem em esfregar nos nosso narizes que são maiores e podem fazer o que quiserem e todo mundo perde a paciência e, em vez de ficar em casa, vai pra rua de carro, lotar ainda mais as ruas, os estacionamentos, as vagas e as faixas de pedestres, que se transformam em vagas.

As lojas, de todos os segmentos, se transformam em feiras livres. E isso não tem relação com a "popularidade" da feira, mas à quantidade de pessoas que estão nela. Pra mim, feira livre é sinônimo claro de multidão. E é assim que eu me sinto quando preciso ir à alguma loja. Este ano, eu participei de sete brincadeiras de amigo secreto. É, pra todo mundo ver que eu também me deixo levar pelas comemorações de fim de ano, embora dos sete, cinco tenham sido de grupos ligados ao trabalho (soube por uma gestora de RH em algum canal de televisão, que as brincadeiras de amigo secreto do trabalho são extensão do trabalho, ou seja, todos têm que participar, inclusive da festa. Sem exceção). Além dos meus amigos secretos, ninguém mais vai ganhar presente de Natal. Afinal de contas, não to dando conta das consequências do Natal, e se posso fugir de algumas delas, o farei. Comprei os presentes todos no começo do mês e agradeço a Deus todos os dias de dezembro, por morar em um dos maiores centros comerciais da cidade, isso me possibilita sofrer as compras a pé, em vez de sofrer o trânsito de ônibus ou de carro. Infelizmente, porém, não tive como me livrar das lojas cheias... mas já passou. O penúltimo amigo secreto foi na sexta passada e o último, será no dia 25, entre familiares. 
Pra terminar a conversa, tem as pessoas. Todo mundo se traveste de simplicidade, amizade, amor e companheirismo, nunca antes vistos. É um tal de Feliz Natal pra cá e "tudo de bom" pra lá, que dá vontade de vomitar. Sim, estou sendo exagerada de novo? Desculpa-me, esta sou eu, com uma pitada de irritação, causada por toda essa hipocrisia que toma conta das pessoas nesse negócio de Natal. Não tenho inimigos e me preocupo em manter a paz com todos (e a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor), mas a quantidade de gente chata é incontável, indizível e inaceitável.
Não porque essas pessoas existem, porque, se fossem só elas, eu tolerava. O caso é que, com elas, vêm o trânsito, a correria das compras, a comilança, os gastos e blá-blá-blá.
E, cá entre nós, ninguém nunca saberá explicar o motivo do velho "Feliz Natal". Por que Feliz Natal? Não, não é mau humor, é realismo puro, indelicadeza também (confesso) e cansaço de toda essa chatice que esse negócio de Natal proporciona.
Então, pra mim, o melhor desse negócio de Natal é, sem dúvida, o dia 26.

Um comentário:

Giovana disse...

Natal pra ninguém. Feliz Natal por quê?
Também não suporto o tal 'tudo de bom'. Tudo de bom no Natal? Só por um dia? O que tem a ver uma coisa com outra.
E mais: não participo de amigo oculto nenhum, nem no trabalho. E ainda explico o motivo: evitar o risco de presentear quem não estou a fim de presentear. Amém que minha chefe me elogia pela sinceridade e ainda me aponta como referência para os demais.
Enfim, queria hibernar hoje e acordar dia 26, em tempo doa preparativos para o meu aniversário, dia 27.
Simplesmente esquecer que Natal existe. Lembrar que Jesus renasceu em mim, fazer minhas reflexões e pronto. Sozinha, na minha casa, sem comilança, sem bebedeira, sem gritaria.
Se pudesse escolher, seria assim.