Não adianta.
Tem coisas que combinam entre si por natureza. Como diz aquele clichê aquela
canção: namoro e abraço, Romeu e Julieta, avião sem asa e mais outros por aí.
Alguns eu nem concordo tanto, como aquela combinação que virou febre: tomate
seco e rúcula. Gosto dos dois, mas somente separados. Pra mim, não adianta
colocar junto, não rola. Só que todo mundo elegeu a melhor combinação da face
da terra. E tem os doces com queijo, as frutas nos pratos de salada, os
coquetéis que misturam frutas, cores e álcool...
Só que tem
coisa que independe da opinião dos outros. Não combina e pronto. E cada um tem
aquilo que acha que não combina consigo. Quer ver? Na sua vida, o que não
combina com a sua vida, a sua rotina, a sua visão do que é bom ou aceitável? Em
dois minutos, a lista vai estar grande, com certeza.
Comigo a
lista infinita. E eu comecei a pensar nisso há um tempão, quando uma colega de
trabalho me perguntou como eu lavava minhas roupa delicadas. E eu não precisei
pensar pra responder que eu não tenho roupas delicadas. Nem uminha. Elas não
combinam comigo. Não as peças, em si, mas as miçangas, as rendas, os paetês
(roupas delicadas têm paetês?), os tecidos finos e esvoaçantes, as
transparências, as alças fininhas e tudo o mais que remeter a mente de qualquer
ser humano à definição de “roupa delicada”. Aliás, se é “delicado” não combina
comigo. E não tem nada a ver com “pré” conceito. É conceito mesmo.
E tem muitas
outras descombinações....
Unhas
decoradas não combinam comigo. Nem adianta. Lembro de um grande amigo policial
lá do cerrado que um dia viu que eu estava com as unhas pintadas com um esmalte
clarinho e, em duas, eu pedi pra colocar
uma florzinha. Foi a primeira vez (e a última). Ele gritou pra uma policial
feminina da equipe dele, que eu sempre acompanhava nos plantões noturnos:
“Altamira, como você lixa as unhas?”, e ela respondeu: “No asfalto, senhor!”. E
ele: “E você pinta com que?”, e ela: “Com graxa, senhor!”. Aí ele me disse: “Ta
vendo, Flávia, você trabalha mais com polícia do que com qualquer outro tipo de
gente, portanto, nada dessa coisinha delicada (ó o delicado aí de novo) nas
unhas!”. Somos amigos até hoje. E eu concordo com ele. Tanto que nunca mais fiz
nenhuma outra decoração nas unhas.
Vestidos e
blusas tomara-que-caia não combinam comigo por motivos óbvios, livros de
autoajuda também não (se bem que quanto à leitura, prefiro acreditar que seja
uma questão de gosto).
Carro
pequeno não combina comigo. É, seu sei que não sou a melhor motorista do mundo
e o meu carro não é nenhum ônibus ou caminhonete, mas carro pequeno não dá...
aliás, assim como bolsa pequena, óculos escuros pequenos.
Bibelôs
espalhados pela casa, nem pensar. Não dá, não combina. Assim como taças de
cristal ou qualquer outra coisa frágil. Comigo, se for frágil, vai quebrar.
Certeza. Aconteceu isso com os oito pratos que ganhei no casamento. Eram
lindos, mas não subsistiram. Em seis meses, só havia um. Aliás, guardei de
lembrança e tenho até hoje. Taças de cristal eu tenho, e para continuar tendo,
são mantidas nas caixas, em lugar de difícil acesso. Quando quero usar, o Devan
pega e depois do uso, ele lava, seca, lustra e guarda pessoalmente.
Mimimi. Não
adianta. Não consigo nem fazer, simplesmente porque não tem nada a ver com a
minha personalidade. E isso nem sou eu quem digo. Todo mundo diz e, mais que
isso, tenta me convencer. Ou faz isso na marra (aliás, na marra combina mais
comigo). E todo mundo já conseguiu. Tanto que vai ser mais fácil um camelo
passar pelo fundo de uma agulha que eu chorar as pitangas por alguma coisa.
Coisa
estranha esse negócio de combinar, né? Não dá pra entender qual a base que a
gente tem pra acreditar que uma coisa combina e outra não. E isso vale também
para os sabores, as cores. É assim. É questão de gosto. Não há o que
discutir... cada um tem o seu.
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