segunda-feira, março 09, 2015

A maldição da indicação


É praticamente uma maldição. Você conhece uma pessoa e aí, em algum momento, ela precisa de alguém para ajudá-la com os afazeres domésticos, com o transporte das crianças para a escola, para o comércio ou para qualquer outra coisa. E aí, você conhece outra pessoa, honesta, sincera, que precisa de trabalho e pronto. Une a vontade de agradar a uma e de ajudar a outra, e promove o encontro.
E aí você pode estar se perguntando cadê a maldição em ajudar uma pessoa e agradar outra. E é aí que ela - a maldição - entra, depois do encontro.
Digamos que a pessoa que você conhecia na primeira parte do texto, a que precisava de ajuda, não seja muito exigente com aquilo que quer que a segunda - a que precisava - faça. A primeira quer apenas uma companhia para a filha, ou uma limpeza na casa duas vezes por semana, enquanto se recupera de uma cirurgia, ou apenas uma cozinheira de pratos triviais, enfim. É apenas uma pessoa que, por um breve momento, precisa de ajuda. 
Foi assim comigo. Exatamente assim.
Cá está então, a maldição. O trabalho era simples, mas não necessariamente.
Só que a indicada faz exatamente o contrário do que quer que fosse. Você, no caso eu, acreditava piamente na honestidade, na competência e na sinceridade da pessoa, mas se enganou redondamente.
E além da desonestidade, incompetência e falsidade, a indicada ainda foi ingrata e não pensou, nem um segundo sequer, que tinha sido indicada por você - mim, no caso - e lascou tudo. 
Preguiçosa, mal humorada, doente quando quis, interesseira e, pra piorar tudo, desonesta no mais alto grau. Não, não é brincadeira.
E a sua indicação, que deveria ter ajudado a duas pessoas que precisavam, só atrapalhou. E atrapalhou com pressão.
A pessoa que precisava do favor fez contato, pra me aconselhar a não indicar a outra novamente. E a outra, que deve imaginar que eu sei do ocorrido - não, eu não falei com ela - não me cumprimentou ontem. Não que isso influencie a minha vida, porque não influencia, mas é mais um resultado de todo o problema.
Depois disso, fiquei pensando que esse lance de indicar alguém ou alguma coisa ou um lugar ou o que quer que seja é terreno delicado. O meu médico pode não ser um bom médico para outra pessoa. A carne daquele restaurante é a melhor do mundo para o meu pai, mas não pra mim. Uma viagem pro Centro-Oeste pode ser uma delícia para meu vizinho, jamais, porém, para uma amiga. Aquela flor que você acha o cheiro delicioso, ataca a minha rinite e lasca tudo. O celular que atende às minhas necessidades não passa nem perto do que aquela outra pessoa precisa. E por aí vai...
Cada um tem um gosto, uma necessidade, uma vida. E se meter nisso pode resultar em problemas.
No caso em que eu me meti, as consequências não foram as piores. Salvaram-se todos. Quase todos.
E agora? Agora, sem indicações. Juro!

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