quinta-feira, dezembro 06, 2007

Que diazinho...*

Hoje eu abri os olhos antes de o despertador cantar. Na verdade eu não abri os olhos. Como faço sempre, abri apenas um olho. Os meus três leitores podem até pensar que isso é superstição, mas não é. Trata-se de um simples costume que tenho desde que morava em Brasília. Se algum dos meus três leitores arriscar dizer que isso é transtorno obsessivo compulsivo, eu até nem discordaria. Ta, mas o diagnóstico bem pouco importa. O fato é que nesta terça-feira eu abri um olho (o esquerdo, já que era terça-feira) e a claridade da cortina denunciou que do lado de fora o dia já tava claro, mas o céu não tava dando sinais de que um sol iria se abrir. Fiquei deitada até que o relógio despertasse, às 7 e 20 da manhã.
Quando eu saí de casa, quinze minutos antes das 8 horas da manhã eu constatei que o céu estava meio escuro prometendo chuva para o dia. Depois de apenas quatro horas de sono, a constatação de que o dia teria chuva não foi a melhor de todas, mas...
Pra quem não sabe, Morro Azul, o lugarejo no meio do nada onde eu to vivendo as minhas semanas há 40 dias, é um distrito da cidade de Engenheiro Paulo de Frontin. Distante 90 quilômetros de Volta Redonda e 50 quilômetros de Paracambi, Morro Azul tem pouco mais de 321 habitantes. É um lugarzinho perdido no mundo, localizado entre as cidades de Vassouras e Miguel Pereira. O mercado no qual eu to atuando como fiscal de caixa fica no centro da ‘cidade’. Logo ali à frente tem o centrão, que conta com uma praça, uma padaria, uma banca de jornal, a antiga estação de trem, uma agência dos Correios, uma igreja (de crente, claro), o posto de saúde e, claro, um pipoqueiro. Eu sempre brinco, dizendo que o pastor e o jornaleiro são a mesma pessoa. O dono da padaria foi o maquinista do trem na década de 1940, o enfermeiro responsável pelo atendimento no posto é o contratado pra trabalhar nos Correios e o pipoqueiro é o polícia que resolve tudo que acontece por aqui (inclusive cobrança de dívidas e recuperação de mulas roubadas). Obviamente ninguém acredita nisso (aliás, ninguém nunca me leva a sério), mas eu juro que a situação real é quase essa. Tão ‘quase’ que a situação pode ser considerada literal. Sério.....
Então... aí, neste cenário (com o dia cinzento prometendo chuva, que isso fique bem claro), eu desci as escadas hoje, em direção ao mercado, pra mais um dia atuando como fiscal de caixa e que, somado aos outros, me ajuda a levar, cada dia pra mais longe, a minha escolha profissional (da qual eu juro que só me lembro aos sábados, lá na Pós).
Como não poderia deixar de ser, o dia permaneceu com o céu cinzento até lá pelas 11 da manhã e depois, dá-lhe chuva. Chuva que nunca mais parou. Pelo menos não até agora, quando cá estou para levar esta reunião de informações valiosas ao conhecimento dos meus três fiéis leitores.
A parte boa disso tudo é que eu sofro menos. Sim, sofro menos! Em Brasília eu me lascava toda, com o nariz sangrando horrores, a garganta seca como se tivesse engolido três quilos e quatrocentos gramas de farinha de mandioca e, hoje, eu sei dizer exatamente o que é viver numa terra sem chuva. Aqui em Morro Azul não tem isso! Chove de verdade. E chove mesmo.... nesse dia que eu descrevi nesse textículo aqui, foi o que aconteceu. Nesse dia e em quase todos os outros que eu tenho estado por aqui, isso tem acontecido.


Texto escrito em 29 de novembro de 2008 (ou seja, na semana passada) e só postado hoje em virtude da minha internet super, hiper, ultra, mega, lenta, que desanima qualquer ser humano normal.

Ah, outra coisa... to tentando fotografar a "cidade" pra conseguir ilustrar os posts nos quais eu me referir a ela. Só ainda não consegui...

* "Diazinho" é "dia" no diminutivo (só pra quem não tinha percebido)

Um comentário:

CS Empreendimentos Digitais disse...

nossa! eu estava mesmo curiosa pra saber onde era esse lugar e o q vc estava fazendo por lá.
mas agora sim, tudo devidamente esclarecido.
hehehehehe!

bjs