quarta-feira, agosto 13, 2008

Amigos dos outros

Ninguém acha chatos seus próprios amigos. De jeito nenhum neste mundo. Eu sou assim. Você é assim. Seu vizinho, seu pai, sua tia e aquele cara mané da Faculdade também são assim. Até a Cláudia Raia e o Murilo Benício - ele pioradíssimo, aliás - devem ser assim (não se espantem os meus três leitores a citação dos nomes dos atores... é que to aqui e alguém falou nestes dois agora na TV).
Então. Nosso amigo é sempre boa gente. Amigo nosso é sempre perfeito. Eu, pelo menos, sou tão assim que utilizo todos os dias a máxima: "amigo meu não tem defeito. Inimigo se não tiver, eu invento". E pra mim é exatamente assim. Se ta na minha lista de amigos, ta na minha lista de pessoas que eu defendo, de pessoas que eu adoro, de pessoas que eu respeito. De pessoas que não são chatas. Sim, que não são chatas. Mesmo que você as ache chatas.
Até aqui tudo certo, certo? Certo. Sim, certo. O errado pode ser a partir das próximas frases. Deixa-me expor a minha idéia principal, que eu tentei traduzir em três palavras, no título deste post.
Seus amigos não são chatos. Isso é um fato. Não há o que discutir quanto a isso. Se seus amigos não são chatos e há pessoas chatas no mundo, de quem essas pessoas chatas são amigas? Se não são suas amigas e não são minhas amigas, podem talvez ser amigas de pessoas que você conhece ou de pessoas que você nunca viu. Ou amigas de pessoas legais ou de outras pessoas chatas, vai saber.
O que não há mudança é isso: alguém é amigo do chato. Eu não. Você não. Mas alguém é. E eu conheço um chato, que não é meu amigo - que isso fique bem claro - mas é amigo da minha irmã, que é minha amiga e não é chata.
O nome verdadeiro dele eu não vou dizer. Aliás, não é porque ele é chato que merece ter o nome divulgado aos meus três leitores. Vou chamá-lo de Bosque - um nome similar. Pois muito bem. O Bosque é exatamente o exemplo de chato que eu tenho em minha mente, assim como eu tenho o exemplo do feio, do bobo e de todas as outras categorias existentes.
Você, meu caro leitor, pode se perguntar como uma pessoa pode receber com tanta veemência o título de chata. Essa pergunta, é claro, provém de pessoas que não têm amigos chatos ou não conhecem o Bosque - porque se conhecessem não teriam esta dúvida, mas eu respondo. Chato é aquele cara que implica o tempo todo, sabe? Na cabeça dele com certeza passa algo do tipo: "se Fulano apela e me manda pra casa do pííí, eu digo que era apenas brincadeira". Só pode ser.
Ele implica, ele cutuca, ele fala coisas sem pé nem cabeça, ele te chama de 'filha', 'garota' ou 'coisinha' - com pequenas variações, para o caso de você ser do sexo masculino -, ele canta as piores músicas do mundo, ele acredita que a filha recém-nascida dele não vai ter dor de barriga, não vai chorar, não vai fazer xixi na fralda, vai crescer e não vai ter piolho, não vai namorar escondido, não vai ficar em dúvida sobre que carreira seguir, não vai casar com um calhorda, vai ser virgem pra sempre... (Gente, que fique bem claro que cada um pode pensar o que quiser e acreditar naquilo que achar melhor, mas daí a querer levantar discussões sobre isso e ficar p. da vida porque você discorda dele, vira sacanagem... ou melhor, vira atitude de chato!)
Ta vendo? Nem é difícil definir um chato. Bem, pelo menos não é difícil definir o chato do Bosque. Possivelmente eu não dê conta de definir outros chatos. Possivelmente não. Com absoluta certeza eu não consigo definir qualquer outro chato deste mundo. Só consigo definir o Bosque, o amigo chato da minha irmã.
Quem tem amigo chato sabe, mas como não é o seu caso, não tome a Mônica por exemplo e fuja dos chatos.
Por que? Ah, porque chatos são chatos. Mesmo sendo amigos dos outros!

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