terça-feira, janeiro 27, 2009

Australia

Cansativo. Essa é a primeira palavra que me vem à cabeça quando penso em Australia. Outras, claro, a acompanham, mas o tamanho do filme e as voltas – a meu ver – desnecessárias que ele dá são as principais características.
O trailler fascina mais que o filme. Pelo resumo que vi algumas vezes, e que inclusive me despertaram o interesse pela história, a 2ª Guerra Mundial seria o pano de fundo do relacionamento amoroso entre os personagens de Nicole Kidman e Hugh Jackman, mas isso não é o que acontece.






A paixão entre eles é fato coadjuvante, numa história marcada pela intolerância racial. A estrela do filme é Nullah, o menino que não é branco e não é negro – aliás, eu me identifiquei muito com ele. Temos a mesma raça – e neto de King George. Isso seria relevante, caso não houvesse entre a família de Nullah um mistério de magia. O avô do menino é um homem do mato, só visto na maior parte do filme pelo menino e que atrai as forças do bem para si por meio da música. Sim, e o menino aprendeu isso com ele. Aprendeu isso e a ficar invisível.



A relação de todos com o menino aborígine, especialmente depois da morte de sua mãe, é o que permeia toda a história. A paixão entre os personagens principais, o aparece-desaparece do velho George – praticamente o Saci, com aquele 4 com as pernas – a briga por terras, herança e dinheiro que termina com algumas mortes,o transporte de bois pelo deserto e, nos dez minutos finais de filme, a Segunda Guerra Mundial, entre outros fatos, acontecem em meio à vida de Mullah.
Australia tem duas horas e quarenta minutos de duração. Atores nada excepcionais. Nicole Kidman está Nicole Kidman. Nem menos, nem mais. Bonita, não linda. Atuação simples, longe de ser boa, simplesmente simples. O Wolverine, digo o Hugh Jackman está... ah, está ele mesmo também. Lindo, mas ele mesmo, sem nada que mereça destaque, aliás, eu sempre esperei muito mais dele... talvez por ter gostado muito de X-Men.



A fotografia é ora bonita, ora tão corrida que não dá pra percebê-la. A trilha seria sofrível, não fosse Aquarela do Brasil no principal baile da trama, realizado para arrecadar fundos em prol das crianças vítimas da guerra.
Pelo mundo afora, o filme foi criticado e alguns dos menos elogiosos chegaram a arriscar que Australia não emplacaria. E em minha opinião não emplacou. É longo e longo cansa. Pelo menos a mim, meus três leitores sabem disso. Eu não durmo no cinema, mas se dormisse, seria uma ótima pedida. O que eu faço, eu fiz: me cansei, falei, ri, chutei a cadeira da frente, atendi o celular, lembrei daquela do papagaio....
A história é boa, mas seria melhor se todos os sofrimentos aos quais foram submetidos os personagens tivessem acontecido concomitantemente. Se eles tivessem sofrido tudo junto, sem as parcelas que lhes foram impostas.
A guerra ficou num final tão distante, que foi desnecessária. Já que ela não chegou durante toda a história, chegasse numa outra, então. Talvez Australia II, A Missão ou O Retorno... sei lá.
A única coisa para a qual a guerra serviu foi pra fazer Mullah ser ‘ouvido’ tocando aquela música da abertura da novela Chocolate com Pimenta, da Rede Globo (isso segundo informações da Danna e do Júnior), ser encontrado pela Senhora Patroa e fazer meia dúzia de gentes chorar no cinema.
Australia não disse a que veio. Como eu disse, é um bom filme, mas peca pelo tamanho. Alguém pode achar suspeito eu dizer isso, e pode ser mesmo. O caso é que o pecado do filme não é só esse. Posso colocar outros: a enganação do trailler – que vende o que o filme não é, a feiúra da mãe e da avó de Mullah (Santo Deus... o que é aquilo?), o tempo de duração do filme, o cabelo piorado do King George, o tamanho da história, as imagens claramente produzidas em laboratório, 2 horas e 40 ouvindo: “fala baixo, Flávia” e “Shhhh, Flávia” entre outras, uma Segunda Guerra muito da mixuruca, 160 minutos de “Onde está Wally?, feita pelo King George e... a não-festa-surpresa pra Danna ao final da sessão
Australia vale e não vale a pena. Não vale por tudo isso o que eu disse. E vale pela história e pela mistura de gêneros: comédia, romance, época e drama em só 2h40’.

Pra constar: o filme custou U$ 130 milhões.

2 comentários:

Marcinha disse...

Flávinha, este filme é extraordinário, amei tudinho que vi na internet, tá show, tá dez...
Escolheu bem, hein... beijo prima
Mardy

Marcinha disse...

Prima, posso copiar e pôr no meu blog? Que história linda, e contada num lugarzinho daqueles de ruim, seco, empoeirado, cheio de aborígenes, adorei...
Responde tá...Mardy