Um rapaz lindo, de 20 anos, que eu conheci em Morro Azul. Seis meses atrás ele foi diagnosticado como sendo vítima de Leucemia. O diagnóstico se deu por acaso, quando ele foi submetido a um exame de sangue durante numa aula num dos laboratórios da faculdade de Fisioterapia que ele cursava em Vassouras.
Depois disso, por falta de vagas nos principais hospitais do Rio - somente dois são aptos a realizarem o tratamento da doença - ele foi levado a um hospital na cidade mineira de Muriaé.
No fim de semana passada, eu estive com uma das tias dele. Ela estava muito feliz porque depois de um longo período internado, dividindo o tempo entre enfermaria e UTI, o Felipe estava em casa. "Finalmente", ela disse, "e agora é pra sempre. Ele está bem, vai superar a doença".
Eu fiquei muito, mas muito feliz mesmo. A Mônica chegou a visitá-lo e disse que, mesmo debilitado, ele parecia bem animado.
Os amigos se uniram e deram a ele um note book pra ele escrever, ler e usar a internet sem sair do quarto.
Pois é. Na tarde de quinta-feira, ele se sentiu mal e foi levado ao Hospital Escola da Universidade Severino Sombra. À noite, a mãe dele recebeu um telefonema pedindo que fosse passar a noite com ele. Por certo os médicos entenderam que o Felipe não sobreviveria por muito tempo.
A Dona Minervina foi. E ele faleceu no finzinho da madrugada de sexta-feira.
Infelizmente.
Um moço lindo, cheio de vida. Risonho, divertido. Inteligente.
Parceiro, simpático e com vontade de viver. Sim, ele tinha vontade de viver.
Ele se foi. Essas coisas acontecem. A gente não pode impedir. Muito menos questionar.
Aceitar. Por mais difícil que isso seja.
E tirar uma lição: a vida é curta. Ela passa. Tenhamos 90, 50, 30 ou 15 anos de idade. A vida acaba num piscar de olhos, uma fração de segundo. Num tempo que jamais se espera.
Ela se vai. E deixa nó na garganta de quem fica. Deixa lágrimas nos olhos dos amores que permanecem aqui.
Só por isso, por mais nada, é preciso viver. Viver com vontade, com amor, com intensidade. Não deixar passar as oportunidades, aproveitar cada dia, cada minuto, cada piscar de olhos, cada fração de segundo.
É preciso aproveitar cada riso, uma gargalhada, cada amigo, cada música, cada acorde, cada olhar. Todos os apertos de mão, a beleza de cada brisa. O calor de todos os milímetros de sol que ilumina os dias nessa terra perfeita.
E as gotas de chuva então? Elas transmitem vida. Experimente ouvir a chuva... experimente entender o que ela ta tentando te dizer... com certeza as gotas estarão repetindo, redundando isso que eu estou dizendo neste post. Elas estão te mandando aproveitar tudo. Todos. Cada um. Eu, seu amigo, sua irmã, seus pais, avós, filhos, colegas de trabalho, amigos ou quem quer que seja.
Estão dizendo pra você esquecer as mazelas. As poucas coisas que o afastam das belas coisas, das belas amizades.
As gotas da chuva estão ratificando o que eu penso, o que eu digo. Elas estão tentando mostrar a você que vale infinitamente mais estar junto, rir perto, sentir ao lado, falar ao telefone a qualquer hora do dia e todas as horas da madrugada a deixar o tempo passar sem aproveitar. Estão dizendo que vale mais a pena não dormir pra ouvir, querer saber dos casos, das conversas, das paqueras, das histórias, das experiências, do emprego novo, do velho do que deixar que outros procurem saber, que outros se interessem. As gotas, como eu, estão cantando claramente a importância do amigo recente, de confidências, viagens, fotografias, de banhos de piscina, passeios pela praia, corridas à beira do rio no início de uma linda manhã ou no fim daquela tarde de céu nublado, muito mais que brigas, fofocas, histórias não esclarecidas, o dito pelo não dito.
Vamos viver, curtir, amar, sentir e sofrer. Todos iguais em intensidade, em paixão.
O Felipe se foi. E como dois e dois somam quatro, ele preferia ter ficado, pra aproveitar e viver, curtir, amar, sentir e sofrer.
Infelizmente ele não pode mais.
Mas eu posso. Por mim, pela minha vida. Você também. Por você mesmo...
2 comentários:
verdade...vamos viver... bjos, linda!
We can Live!!!!!
A vida é curta. Somos nuvem passageira... precisamos aproveitar cada segundo, gesto, lágrima, sorriso e, com isso nos tornar mais humanos!
beijos lindá!
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