quarta-feira, novembro 10, 2010

A dor da perda. E do esquecimento.

Essa semana, minha família foi surpreendida pela notícia da morte de uma grande amiga. Uma mulher de 46 anos, separada do marido, com 2 filhos - um com 22 e o outro com 15 anos - e que tinha descoberto recentemente ter diabetes.
A notícia nos chocou a todos. Meus pais estão, ainda, muito abalados.
A mim, o que mais entristeceu, foi o fato de que a última vez que falei com ela foi no ano passado, quando ela me ligou no meu aniversário, pra dar os parabéns. Depois disso, não nos falamos mais. Dois aniversários dela passaram, depois desta última vez, e eu não liguei pra ela. Passou Natal, Ano Novo, aniversários dos filhos e eu nunca liguei pra ela. Nem liguei. Sim, porque ir até a casa dela então... não sei há quantos anos fiz isso pela última vez.
E é exatamente esta a questão. O tempo está passando. Na vida de todo mundo, muita coisa acontece. Amigos se casam. Amigos têm filhos. Outros perdem pais, mães e outros amigos.
Conhecemos pessoas novas que vão tomando o lugar das antigas e nos fazem ir, com o passar do tempo, esquecendo, deixando o tempo levar as lembranças e, com elas, a necessidade de um telefonema, um e-mail, uma carta... sei lá... um sinal de vida. Enquanto ela ainda existe.
"Ainda", porque ela logo logo não será mais. E aí, sim, vai haver dor. Não dor pela perda, em si, que existe e é incontestável, mas a dor do arrependimento por ter deixado esquecer, por ter permitido que o tempo passasse sem um contato.
E se essa nossa amiga tiver precisado de apoio durante este tempo? Nunca saberemos. E se a ela tiver faltado um abraço, um remédio, um bom dia? Jamais alguém nos dirá. Ela pode ter precisado também de um "feliz aniversário"...
A gente vive assim. Deixando passar as oportunidades, simplesmente porque elas não aparecem sozinhas. A gente não se preocupa em criá-las. Criar a oportunidade de ligar pra um amigo é chegar em casa do trabalho e, logo depois de tomar um banho e antes do jantar, dar um telefonema. É simples. Eu não estou falando de largar tudo no meio do dia e fazer uma visita urgente. É um telefonema, uma atitude que demonstra uma preocupação.
Outra oportunidade é, pros mais 'internéticos', mandar um e-mail, um oi pelo msn invisível mesmo.
Pros mais ligados à presença, ao contato físico, uma visita, claro.
E não é uma visita a uma pessoa doente. É uma visita a uma pessoa saudável, antes que ela fique doente. Como no caso dessa nossa amiga.
Ela se foi. Infelizmente. Dá um nó na garganta e uma vontade quase incontrolável de chorar, chorar, chorar, até que todas as lágrimas sequem e, com elas, a dor enorme que estou sentindo.
E a dor maior ainda é lembrar que ela não vai me ligar mais no meu aniversário, como fez durante muitos anos, ou nos fazer rir com histórias hilárias. Não vamos sequer ouvir sua voz novamente.
Precisamos aproveitar as vozes que ainda estão aqui, das pessoas que gostam de ouvir as nossas.
Enquanto isso ainda é possível.

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