quinta-feira, outubro 04, 2012

O hoje

Cada dia amanhece de um jeito, com uma cor, um cheiro. Cada dia desperta em mim uma vontade, um desejo, um sentimento. Cada dia pede um acompanhamento. Cada dia solicita um verbo, um substantivo, uma palavra. Cada dia, um novo dia. Cada amanhecer, tudo de novo.
O hoje amanheceu assim assim. Meio enegrecido, embora o sol estivesse rachando lá fora. Meio claro, dependendo do ângulo de observação. A soma dos meios, resultou em palidez. Daquelas sem cor definida, cheia de dúvidas.
O cheiro do hoje não tem definição, não se parece com os cheiros conhecidos. Tem um cheiro acre, do tipo que soca a boca do estômago e faz doer, tão forte.
As vontades do hoje são obscuras. De sorrisos, certamente, mas não só. De amigos, de conversas, de abraços, de apertos, de sussurros, de lágrimas. De família, delícias, aconchego. São vontades súbitas, inexplicáveis, urgentes.
O desejo? São vinte, são mil! De dias melhores, problemas resolvidos, sinceridade, amores, namoros, viagens, fotografias, paisagens paradisíacas, sol nascendo, sol se pondo, chuva caindo, silêncio, algazarra e mais outros. Muitos. Todos.
Pro sentimento do hoje, "impotência", fraqueza. Força, coragem, destemor. Zelo. Cuidado. Carinho.
O acompanhamento do hoje poderia ser uma bebida forte, daquelas que derrubam, mas não é. É água de coco, pura e simplesmente. Com ela, cheiro.
Correr, sentir, ventar, soluçar, descalçar, mover, demover, dissuadir, transformar, ter, voltar, volver, remover, relembrar, reviver e querer de novo. 
Verbos que, a olho nu, pululam sem relação entre si, mas, vistos com olhos críticos, se relacionam como gêmeos, tão intensamente parecidos.
Para o substantivo, música. Por libertar, basta. Por alegrar, funciona. Por emocionar, ajuda. Por transformar, transforma.
A palavra do dia? Oh, dúvida cruel! Pode citar duas? Dúvida, cruel.

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