sexta-feira, agosto 23, 2013

O fim de semana e os gostos musicais

Toda vez que eu sobrevivo ao gosto musical dos meus vizinhos, adormeço no domingo à noite programando falar sobre o assunto no brog. Todo fim de semana de sobrevivência é a mesma coisa. E no caso das pessoas que moram perto da minha casa, “sobreviver” ao gosto musical deles, que fazem questão de compartilhar e testar a paciência alheia, é um ato digno de congratulações. E olha que eu nem chamei o gosto deles de “bom” ou “mau”. É o gosto deles e pronto. Pra eles, bom. Pra mim.... bem, pra mim nada.
Alguns deles, os mais saidinhos, começam a nos testar, já na sexta-feira à noite, como aconteceu neste fim de semana. Boa parte do que eles ouvem no volume mais alto possível eu jamais ouvi, não sei quem é o artista e, na maior parte das vezes, consigo apenas entender uma ou outra palavra de cada frase. Normalmente a penúltima ou última de cada trecho. E “normalmente” não significa que sempre dá pra entender. Apenas normalmente.
E o que mais me incomoda nem é o gosto musical, propriamente dito, mas o fato de eles me obrigarem a “curtir” o que eles curtem, durante várias horas por dia, quando não o dia inteiro. Sem falar que quando eu digo vizinhoS, no plural, é literal. Não é apenas um vizinho. Pelo que percebo, são três ou quatro. Um deles – ou uma, não sei – mora bem pertinho da minha casa, acho até que na casa seguinte à minha. E nesta residência eles começam escutando Djavan e Arlindo Cruz, vão até aquele Belo, pulam pra um grupo infinito de funkeiros malditos e fecham com Calypso, Daniel e duplas sertanejas que nunca mais sei quem são, entre vááárias outras.
E enquanto a chapa esquenta nesta casa, sempre tem um carro na porta do meu prédio, com o som ensurdecedor fazendo um barulho indefinível, com letras impossíveis de serem entendidas e batidas fora do tom e do compasso minimamente aceitáveis.
Concomitante a esses dois, um grupo, em outra casa, que fica um pouquinho mais longe da minha, está cantando e tocando pagode, ao vivo. Não, não tenho nada contra. Não mesmo, não sou dessas. Respeito qualquer gosto musical, desde que não preencha todos os minutos do meu fim de semana, tão precioso para fazer exatamente aquilo que meus vizinhos não permitem: dormir. Mas ta. Voltando à casa do pagode, sempre tem um grupo de pessoas sem talento lá, tocando, cantando e enchendo os espaços da minha cabeça que ainda estavam vazios.
O sábado é o pior dia de todos, porque acredito que todo mundo esteja de folga e, por isso, tiram o dia para lavar carros, calçadas, bicicletas e o que mais tiverem precisando de água. Só que ninguém faz isso em silêncio. Querem trilha sonora ensurdecedora. E aí, só Deus pra dar graça e misericórdia.
E a coisa só fica pior mesmo quando as duas serralherias que cercam a minha casa decidem funcionar no fim de semana. Aí, além de “PRÊ-PARA”, “que é isso, novinha?” e “senta aqui não-sei-aonde”, aquele som dos ferros sendo cortados, fundidos e grudados, tomam conta do meu ser.
Tem como ser feliz assim? Tem. Arranjar um programa bem legal, de preferência distante centenas de léguas e curtir o fim de semana em outra freguesia.

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