quarta-feira, novembro 07, 2007

I S S O
P E G A ? ? ? ?

Ah, todo mundo sabe o que é contagioso e o que não é. Obviamente se algumas coisas são, todo mundo sabe, outras não. Eu arrisco dizer umas. Outras, não. Vou tentar, pra depois dizer uma característica minha que as pessoas que ultimamente têm feito parte da minha vida dizem estar pegando.
Caxumba pega. Dor de dente não pega. Felicidade não pega, mas contagia. Riso também. Sarampo eu não sei se pega. Gripe pega. Chatice não pega. Feiúra eu sempre digo que pega. Beleza não. Maldade pega. Macumba também. Bondade, depende. Frieza pega.
Amizade não pega, mas contagia. Frio não pega. Calor pega (fogo, pelo menos). Sono não pega, mas bocejo pega. Complexo não pega, obesidade não pega assim como magreza também não. Coceira não pega. Bom gosto não pega. Vontade costuma pegar. Gravidez pega (é o que dizem). Riqueza não pega. Pobreza? Ah, não sei. Talento não pega, dom também não.
Inteligência não pega. Burrice pega. Dor de cabeça não pega. Chuva só pega se a gente estiver fora de casa. Dengue pega, urticária pega. Conjuntivite pega, mas catarata não, nem miopia. Sabor não pega, mas gosto sim.
E eu poderia ficar aqui por horas citando outras coisas que pegam e não pegam, mas esta não é a intenção deste post. A intenção dele é dizer que, nesta última semana, tudo o que acontece de errado no mercado do qual eu sou fiscal de caixa (sim, já disse isso a vocês. Larguei o Jornalismo e virei fiscal de caixa de um mercado no distrito de Morro Azul), é culpa minha. Os meus três leitores sabem do meu jeito e aposto que podem imaginar do que se trata. Normalmente quando sou apontada como culpada, eu estou distante do local onde o fato se deu.
Eu explico.
Dia desses, o Adriano deu conta de derrubar vinte latas de leite em pó. “A culpa é da Flávia”. No dia seguinte, ele esbarrou em um display e derrubou todos os esmaltes. “A culpa”, ele repetiu, “é da Flávia. Horas depois foi o Rodrigo quem deixou cair uma caixa de biscoito e antes de alguém perguntar o que tinha acontecido, ele disse que era culpa minha. Três dias se passaram e a Márcia derramou um balde de água com alvejante no chão, logo na entrada do mercado. Eu tava perto e perguntei o que tinha acontecido. Sabem o que ela teve a cara de aço de me dizer? Exatamente isso: “Ah, é a sua presença”.
Ao ouvir isso eu fiquei lisonjeada, mas segundos depois ouvi o Adriano dizer: “Pois é. Sempre que a Flávia ta por perto a gente derruba tudo. Isso pega”. E eu, com aquela cara de caneca, com cara de me-expliquem-isso-pelo-amor-de-Deus, disse que não tinha entendido nada. Daí eles me explicaram que desde que começaram a conviver comigo, eles derrubam tudo, deixam cair coisas que nunca antes tinham deixado, passam por um corredor de três metros esbarrando dos dois lados, derrubam cinco copos para pegar um, têm sempre que mudar de roupa após o almoço porque invariavelmente derrubam molho, feijão, refrigerante ou afins e assim por diante.
E nessa hora eu me defendi. “Como assim? Na hora do almoço, eu nunca estou com vocês. Cada um almoça na sua casa, ow!”. E sabe o que eu ouvi como resposta? “Ah, Flávia, mas você está num raio de três quilômetros das nossas casas. É contagioso”. E a minha pergunta seguinte obteve a resposta que deu origem a este post: “E o que é contagioso?”. Foi quase uníssono: “Desastre. Você é tão desastrada que transmite”.
Dá pra acreditar? Eles inventaram que desastre pega. Que esbaforisse pega. Mas isso pega?

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