quarta-feira, novembro 03, 2010

Trote

Na semana passada, algum desavisado tentou me passar um trote pelo telefone. Na verdade, ele conseguiu, embora não tenha obtido sucesso. Eu explico:
Alguém ficou ligando pra minha casa por uma semana, tentando falar comigo, pra me 'vender' uma troca de operadora nos serviços de telefonia. A minha é a Oi e eles queria me oferecer a portabilidade. Desta forma, eu mudaria para a Embratel e teria algumas vantagens. Até aí, tudo bem.
A partir daí é que o negócio complicou. Pra mudança, eu precisaria adquiri um outro aparelho telefônico, já que a tecnologia do sinal iria mudar de transmissão por cabos para transmissão por satélite. Justo. "E onde eu posso adquirir um aparelho destes?". A pérola: "Comigo, senhora, pelo telefone".
Urrum... ta bom.
"E como será feito o pagamento? Vocês vão cobrar na minha primeira conta telefônica depois da mudança?". Justo, vai.
"Não senhora. A senhora vai me passar por telefone os dados do seu cartão Visa ou Master e nós estaremos providenciando (jura?) a compra".
Aí eu cheguei a rir. Sério. Se ele estivesse falando com outra pessoa, pode até ser que conseguisse alguma coisa, mas comigo... era perda de tempo. Completa.
Eu disse a ele que, embora me interessasse pela mudança de plano, eu não iria passar os meus dados por telefone e que ele teria que, se quisesse mesmo me 'portar' para a Embratel, encontrar uma outra forma. Ao que ele disse:
"Senhora, mas eu passei pra senhora todos os seus dados". "E?", eu perguntei. É, gente eu sou dessas.
"Ora, eu lhe garanto que eu sou da Embratel". Nessa hora eu não ri, mas disse: "E eu sou a rainha da Inglaterra". Sei que esta resposta foi mal criada, mas não me ocorreu outra garantia... e todo mundo se diz a "Rainha da Inglaterra" nessas horas... peguei uma carona.
Ele ainda tentou. Insistiu. Muito.
E como não bastasse toda a minha razão em não querer passar os meus dados ao cara, ainda ouvi alguma coisa estranha lá, onde ele estava.
"Que barulho é este? Tem um cachorro latindo aí?". Ele demorou três segundos desnecessários (sim, quem sabe se é ou não um cachorro, não precisa esperar todo este tempo pra negar. Ou afirmar) pra dizer: "Não, senhora. Eu estou num escritório e o que a senhora está ouvindo é o barulho de portas abrindo e fechando".
Ta bom. Como se eu não conseguisse diferenciar.
Aí a minha proposta final (eu precisava... fiquei mesmo interessada na portabilidade).
"Vamos fazer o seguinte. O seu nome é Cássio, não é? Então. Em que número de telefone você atende? (anotei) Eu vou ligar pra Embratel, confirmar a veracidade das suas informações e amanhã, neste mesmo horário, você me liga e a gente fecha o negócio".
Ele aceitou, sem relutar muito. Passei meu endereço de e-mail pra ele e pedi que me enviasse o nome completo e a matrícula ou algum outro número de identificação do funcionário. Ele concordou e desligamos.
O e-mail dele nunca chegou. Na Embratel, me informaram que não há empresa que possa falar por eles que atenda por um número na cidade do Rio de Janeiro (sim, o número que o rapaz me deu é do Rio). Sim, eu liguei pra lá.
No telefone que o rapaz me passou, há uma residência e ninguém chamado Cássio.
E só.
Golpe.
Depois de tantos anos fazendo Jornalismo Policial e desconfiando até da minha sombra, não passar os meus dados a uma pessoa que garante, por telefone, ser mesmo um funcionário da empresa, era o mínimo que eu poderia fazer...

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