segunda-feira, outubro 29, 2012

O "nosso" dia perfeito*

Mulheres elegem sono, sexo e ficar com os amigos como prioridades 

em um dia perfeito, diz pesquisa


RIO - Em um dia perfeito, uma mulher ocidental de 38 anos dá prioridade a uma noite bem dormida, um pouco de sexo e algum tempo com os amigos, garante uma pesquisa da Universidade de Bremen, na Alemanha e do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos. No estudo Just A Perfect Day: Developing a Happiness Optimized Day Schedule, publicado na “Journal of Economic Psicology”, os pesquisadores Christian Kroll e Sebastian Pokuta entrevistaram 900 mulheres economicamente ativas para descobrir que falta tempo para o básico. Em vez de horas no shopping ou na academia, elas querem dar atenção a quem importa e, principalmente, aliviar o cansaço. No Brasil, dados do estudo Episono, realizado em 2007 pelo Instituto do Sono, também mostram que as mulheres dormem 6h33m mas gostariam de dormir mais. Exatamente 1h49m a mais. Já os homens têm 6h28m de sono e ficariam mais 1h34m na cama.
— De tudo o que acontece no nosso corpo, o sono é a única variável sobre a qual temos uma certa ingerência e é justamente o que sacrificamos quando queremos mais tempo para outras atividades — observa a bióloga Lúcia Rotemberg, vice-chefe do laboratório de Educação em Ambiente e Saúde da Fiocruz, que atualmente faz um pós-doutorado em sociologia sobre o uso do tempo. — Temos um orçamento, é preciso eleger prioridades dentro das nossas 24 horas, que são as mesmas para todo mundo: rico ou pobre, o tempo é o mesmo. Hoje vivemos num mundo produtivista, com muitas demandas e uma competição muito alta, o trabalho é levado para casa. Como tempo tem a ver com espaço, tudo fica misturado e, para descansar, é preciso reequilibrar esse orçamento — explica.
As razões para este déficit de horas de sono vão desde a perda de uma a duas horas por século desde a invenção da luz elétrica — quando passamos a dormir menos —até a lista de tarefas diárias da gincana feminina que cada vez aumenta mais.
— As mulheres dessa faixa etária da pesquisa têm mais insônia, na proporção de três para um homem. A mulher trabalha, gerencia casa, filhos, marido, seu papel social é muito maior. Se fizessem esta pesquisa no Brasil o resultado seria bem parecido — acredita a neurocientista Dalva Poyares, médica do Instituto do Sono e professora da Unifesp.

*Fonte: O Globo

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