"Rotina", "dia a dia", "mesmice". Cada um tem uma palavra pra definir o que, no fundo, é a mesma coisa. Aquelas coisas que a gente faz todos os dias e que acabamos nos acostumando. Trabalho, filhos, marido, casa, faculdade, cursos, salão de beleza - no caso das mulheres, claro. No caso dos homens, confesso que não sei enumerar uma lista tããão grande.
No meu caso, a "rotina" mudou completamente, óbvio, depois do casamento. Embora eu não tenha filhos, dar conta da limpeza da casa, das refeições, dos cursos que fiz neste período, dos trabalhos que desempenho em casa ou fora, dos horários que, pelo menos pra mim, mudaram muito.... fazem parte da minha vida. Aliás, um dos programas que mais gosto, estar com meus amigos, não tenho tido muito tempo ultimamente.
Nunca fui muito a favor de fazer as mesmas coisas, todos os dias. Sempre quis ter um trabalho que não me impusesse rotina, uma vida que me permitisse não programar as horas seguintes ou o dia de amanhã. Mesmo assim, reconheço que o mínimo de programação faz bem. E, confesso, uma rotinazinha, de leve, não faz mal a ninguém. De leve, que fique claro.
Pode parecer irônico, mas, embora seja a favor da vida sem a mesmice que nós mesmos, muitas vezes, impomos a ela, algumas das mesmas coisas do dia a dia me fascinam. É, é verdade! Tem momentos que a gente vive todos os dias que nos fazem bem. E não é só no casamento, mas no trabalho, nos telefonemas com amigos e até na checagem de emails nossos de cada dia.
Quer um exemplo? Adoro sentir o cheiro da madrugada, todos os dias, quando saio de casa para o trabalho. O dia ainda não amanheceu, não tem sol, a lua ainda está no céu, dependendo do dia, pode estar chovendo.... mas sempre tem um cheiro característico no ar. Todos os dias isso acontece. E, como eu tenho uma super memória com cheiros, todos as manhãs eu me lembro da sensação que tive na manhã anterior. É curioso, mas isso mexe comigo de um jeito inexplicável. Vai ver que é por eu amar tanto a madrugada...
No trânsito, eu não permito a rotina. Embora seja habilitada há uns 8 anos, só há uns três meses eu estou pegando o carro todos os dias, dirigindo pra todos os lados. Como ainda preciso de muita prática pra dominar a técnica, mudo o trajeto todos os dias. Ultimamente entro numa rua diferente, subo um morro que nunca tinha subido, passo por vias desconhecidas.... assim, eu quebro a rotina e a rotina me faz mudá-la. Ai, confuso isso....
A minha despedida do Devan de manhã, se ele fica em casa quando eu saio para o trabalho, é um "acontecimento" minúsculo", que ocorre quase todos os dias, mas que mesmo assim me fascina. Ouvi-lo dizer "Moa, cuidado", todos os dias, é como se fosse diferente cada vez. É uma frase tão simples.... chega a ser engraçado.
Telefonemas dos meus amigos, que acontecem sempre, também me fascinam. Mesmo que o contato tenha sido feito para comunicar problemas.
E as ocorrências policiais? Desde que voltei à "área", ler os registros policiais, por mais que todo mundo considere "simples", me diverte.... isso também é curioso!
Ler meus e-mails, checar as redes sociais, atualizar o Twitter, ver como as coisas repercutem entre as pessoas que fazem parte dos meus contatos... tudo isso acontece todos os dias, mas a cada dia é uma novidade. Pelo menos pra mim. E dá vontade de viver isso todos os dias.
Será que eu amo tanto as pequenas coisas por que amo muito a vida? Sei lá....
Mas que é curioso, é.
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