Todo mundo
já ouviu que “quem procura, acha”. E, neste caso, eu to falando necessariamente
de problemas. De um bem específico que eu procurei com minhas próprias mãos. E
eu explico.
Ligamos um
telefone fixo em casa, sob a justificativa de que seria mais barato e não nos
traria problemas ficando fora da área de cobertura. Só que as expectativas foram
superadas. Não ficávamos fora de área e, de certa forma, era, de fato, mais
barato que só falarmos ao celular. Mas houve inconvenientes, também. Não houve
um dia, um sequer, durante os quase vinte meses de telefone em casa, que eu não
tenha recebido uma ligação, oriunda de algum estado do Brasil, com alguém
procurando a Waleska. Não, eu não sei quem é Waleska, mas cansei de repetir,
todas as vezes, a mesma coisa: “este telefone não pertence mais a essa pessoa”
ou “ah, deve haver algum engano, não há Waleska aqui” ou ainda, como da última
vez: “Você só pode estar de sacanagem”. É, eu disse isso sim.
E desligar a
linha foi um problema ainda maior. Precisava dar um motivo para querer desligar
o telefone, o que, pra mim, já foi uma ofensa, porque acho que se eu “quero”
uma coisa, não há necessidade de apontar outro motivo. O meu querer é mais que
suficiente. Só que na vida real não é assim.
Depois
daquele atendente inconveniente me dizendo pra esperar que ia procurar os meus
dados e depois, feliz, por ter encontrado, comecei a conversa com a atendente.
“E por que
quer desligar o telefone, senhora?”, eu respondi: “Quero desligar porque não
quero mais ter um telefone fixo em casa”. Disse, porque não quis entrar em
detalhes sobre a Waleska.
“Senhora, é
de praxe a senhora me dizer o motivo pra querer desligar o telefone”. Respirei
fundo: “Achei que fosse de praxe você ouvir o que eu disse, acatar a minha
justificativa e acabar logo com isso”. Não, não disse. Tive apenas vontade de
dizer. Desisti de fazer valer a minha vontade, e falei: “Ah, coloca aí que o
custo está muito alto e eu não tenho mais condições de manter a linha”.
Depois de
alguns minutos, ela: “Senhora, há uma promoção disponível pra senhora aqui. Por
apenas 15 reais e 90 centavos, a linha será mantida e blá-blá-blá”. Droga!
Justificativa errada! Eu devia ter imaginado que ela iria me oferecer uma
oferta.
Acrescentei:
“Fiquei desempregada, não posso pagar nem 1,99 pela linha. Você entende?”. E
meu queixo caiu, quando eu ouvi: “Então, por seis meses, a senhora vai ter os
benefícios do identificador de chamadas, serviço de siga-me, chamada em espera
e ainda um plano de internet sem fio, por este valor”. Eu, assustada: “1,99?”.
Ela quase riu: “Não, senhora, por 15 reais e noventa centavos”.
Eu queria
esfregar a cara dela no chapisco.
Pedi: “Muda
tudo. Vou te falar a verdade: não quero mais a linha telefônica porque estou
indo embora do país e vou ficar fora por 3 anos, por isso não é viável manter uma
linha que não será usada”. Ufa! Encontrei a melhor justificativa do mundo
inteirinho. Trouxa (eu, claro!). A pergunta dela, então, foi pra acabar: “Pra
onde, senhora?”
Como assim,
pra onde? Pro Marrocos, pra China, pro raio que o parta! E, de novo, não disse
isso. Respirei fundo mais uma vez, tomei outro gole de água com açúcar e
Rivotril e perguntei: “Pra onde? Eu tenho que te dizer pra onde vou viajar?”. “Sim,
senhora, é praxe. E dependendo do lugar pra onde a senhora for, é possível
transferir a linha, pra senhora não perder o número”, ela disse, gentilmente.
E eu quase
morri.
“Senhorita,
você não está entendendo. Eu quero me livrar dessa linha e desse número. Não
quero nunca mais ter que dizer a alguém que não sei quem é Waleska. Não quero
nem receber 100 reais por mês da operadora de telefonia fixa, pra ter um
telefone em casa. Você entendeu?”
Ela: “Sim,
senhora, eu entendi. Pra onde a senhora vai mesmo?”
...tu...tu....tu...
Eu
desliguei. Cansei. Desisti.
Bebi 30
gotas de Rivotril, dormi trinta horas, esqueci a chateação e liguei de novo.
Disse que fiquei desempregada, to grávida de gêmeos, abandonada pelo marido,
com dívidas e três filhos pra criar. Por isso não tinha como manter a linha. O
novo atendente me pediu um tempo, cancelou tudo sem me oferecer promoção ou
fazer perguntas cretinas e disse um tímido “sinto muito” ao final da ligação.
Pronto.
Missão cumprida.
2 comentários:
Hahaha, to aqui imaginando a cena e lembrando de uma vez que a Oi me encheu tanto o saco oferecendo promoção que um belo dia a moça ligou, eu atendi e ela perguntou pela senhora Valquíria. E eu, com a cara mais lavada do mundo, perguntei: A senhora não tá sabendo não? A Valquíria faleceu há alguns dias...
Nunca mais a operadora ligou me procurando, foi o máximo, super recomendo!
Bjus, Flávia!
Essa do desemprego aí eu sempre uso... mas gostei do abandono, com gravidez, filho pra criar.... acho que vou adotar... kkkkkk.
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