sexta-feira, agosto 09, 2013

E foi-se o telefone fixo

Todo mundo já ouviu que “quem procura, acha”. E, neste caso, eu to falando necessariamente de problemas. De um bem específico que eu procurei com minhas próprias mãos. E eu explico.
Ligamos um telefone fixo em casa, sob a justificativa de que seria mais barato e não nos traria problemas ficando fora da área de cobertura. Só que as expectativas foram superadas. Não ficávamos fora de área e, de certa forma, era, de fato, mais barato que só falarmos ao celular. Mas houve inconvenientes, também. Não houve um dia, um sequer, durante os quase vinte meses de telefone em casa, que eu não tenha recebido uma ligação, oriunda de algum estado do Brasil, com alguém procurando a Waleska. Não, eu não sei quem é Waleska, mas cansei de repetir, todas as vezes, a mesma coisa: “este telefone não pertence mais a essa pessoa” ou “ah, deve haver algum engano, não há Waleska aqui” ou ainda, como da última vez: “Você só pode estar de sacanagem”. É, eu disse isso sim.
E desligar a linha foi um problema ainda maior. Precisava dar um motivo para querer desligar o telefone, o que, pra mim, já foi uma ofensa, porque acho que se eu “quero” uma coisa, não há necessidade de apontar outro motivo. O meu querer é mais que suficiente. Só que na vida real não é assim.
Depois daquele atendente inconveniente me dizendo pra esperar que ia procurar os meus dados e depois, feliz, por ter encontrado, comecei a conversa com a atendente.
“E por que quer desligar o telefone, senhora?”, eu respondi: “Quero desligar porque não quero mais ter um telefone fixo em casa”. Disse, porque não quis entrar em detalhes sobre a Waleska.
“Senhora, é de praxe a senhora me dizer o motivo pra querer desligar o telefone”. Respirei fundo: “Achei que fosse de praxe você ouvir o que eu disse, acatar a minha justificativa e acabar logo com isso”. Não, não disse. Tive apenas vontade de dizer. Desisti de fazer valer a minha vontade, e falei: “Ah, coloca aí que o custo está muito alto e eu não tenho mais condições de manter a linha”.
Depois de alguns minutos, ela: “Senhora, há uma promoção disponível pra senhora aqui. Por apenas 15 reais e 90 centavos, a linha será mantida e blá-blá-blá”. Droga! Justificativa errada! Eu devia ter imaginado que ela iria me oferecer uma oferta.
Acrescentei: “Fiquei desempregada, não posso pagar nem 1,99 pela linha. Você entende?”. E meu queixo caiu, quando eu ouvi: “Então, por seis meses, a senhora vai ter os benefícios do identificador de chamadas, serviço de siga-me, chamada em espera e ainda um plano de internet sem fio, por este valor”. Eu, assustada: “1,99?”. Ela quase riu: “Não, senhora, por 15 reais e noventa centavos”.
Eu queria esfregar a cara dela no chapisco.
Pedi: “Muda tudo. Vou te falar a verdade: não quero mais a linha telefônica porque estou indo embora do país e vou ficar fora por 3 anos, por isso não é viável manter uma linha que não será usada”. Ufa! Encontrei a melhor justificativa do mundo inteirinho. Trouxa (eu, claro!). A pergunta dela, então, foi pra acabar: “Pra onde, senhora?”
Como assim, pra onde? Pro Marrocos, pra China, pro raio que o parta! E, de novo, não disse isso. Respirei fundo mais uma vez, tomei outro gole de água com açúcar e Rivotril e perguntei: “Pra onde? Eu tenho que te dizer pra onde vou viajar?”. “Sim, senhora, é praxe. E dependendo do lugar pra onde a senhora for, é possível transferir a linha, pra senhora não perder o número”, ela disse, gentilmente.
E eu quase morri.
“Senhorita, você não está entendendo. Eu quero me livrar dessa linha e desse número. Não quero nunca mais ter que dizer a alguém que não sei quem é Waleska. Não quero nem receber 100 reais por mês da operadora de telefonia fixa, pra ter um telefone em casa. Você entendeu?”
Ela: “Sim, senhora, eu entendi. Pra onde a senhora vai mesmo?”
...tu...tu....tu...
Eu desliguei. Cansei. Desisti.
Bebi 30 gotas de Rivotril, dormi trinta horas, esqueci a chateação e liguei de novo. Disse que fiquei desempregada, to grávida de gêmeos, abandonada pelo marido, com dívidas e três filhos pra criar. Por isso não tinha como manter a linha. O novo atendente me pediu um tempo, cancelou tudo sem me oferecer promoção ou fazer perguntas cretinas e disse um tímido “sinto muito” ao final da ligação.

Pronto. Missão cumprida.

2 comentários:

Valquíria Paula disse...

Hahaha, to aqui imaginando a cena e lembrando de uma vez que a Oi me encheu tanto o saco oferecendo promoção que um belo dia a moça ligou, eu atendi e ela perguntou pela senhora Valquíria. E eu, com a cara mais lavada do mundo, perguntei: A senhora não tá sabendo não? A Valquíria faleceu há alguns dias...
Nunca mais a operadora ligou me procurando, foi o máximo, super recomendo!

Bjus, Flávia!

Andressa disse...

Essa do desemprego aí eu sempre uso... mas gostei do abandono, com gravidez, filho pra criar.... acho que vou adotar... kkkkkk.