terça-feira, novembro 06, 2018

Países diferentes, gravidezes diferentes

Ta, todo mundo sabe - ou já ouviu falar - que uma gravidez nunca é igual a outra. Certo. Mesmo assim, existe uma certa expectativa.
E é assim em todos os sentidos. Comigo, foi diferente principalmente por causa do clima. Quando estava no Rio, a descoberta da gravidez foi no início do inverno, o que significa vontade - natural, por causa do friozinho - de comer o mundo. E ainda tive a felicidade de não sentir absolutamente nada. Nem um enjoinho, nem uma tonteirinha... nada. E isso facilita a vida de comilança. Desta vez, descobrimos a gravidez no finalzinho do inverno. Ainda estava bem frio, mas logo no início, tive enjoos, tonturas e tudo o mais que se pode ter no começo da gestação. 
Com a Aurora, a fase final da gravidez também foi diferente, e de novo essa diferença tem a ver com o clima. No Brasil, vivíamos o calor senegalês do Rio de Janeiro e, não há como me esquecer de que, no final de dezembro de 2015, era impossível sobreviver com aquela barriga imensa, em algum ambiente sem ar condicionado. Todas as compras que eu fazia estavam condicionadas a shoppings e hipermercados, porque tinham ambientes climatizados. Sair de casa, só de carro, com o ar condicionado devidamente ligado. Casa de amigos, havia pedidos de "por favor, ligue o ar"... incrível como chegava a ser divertido.
Hoje, estamos vivendo o contrário disso. O outono chegou aqui nos Estados Unidos, na mesma época em que a primavera chegou no Brasil. E enquanto por lá há chuvas e temperaturas subindo, aqui já está fazendo frio, as árvores já perderam a maioria das flores amarelas e, por isso, não tem como ser parecido. 
E, no meu caso, ter uma criança de quase 3 anos em casa, faz tudo ser muito diferente também. Lembro de viver meus dias de sono dedicados a dormir, descansar, ler, assistir a séries no Netflix, dormir de novo, comer a comidinha que a minha mãe preparava, dormir de novo.... enfim... eu consegui satisfazer a minha vontade de dormir, sem ser perturbada. Com uma criança em casa, isso não é possível. A Aurora dorme bem... de uns meses pra cá, passou a querer se deitar por volta das 9 e meia da noite e desperta por volta das 9 e meia da manhã. Isso é um bom tempo de sono, do qual eu posso desfrutar. Não me deito junto com ela. Quase sempre vou pra cama mais tarde.... mas poder acordar depois das 9 da manhã é muito bom. Apesar das dores desta fase da gravidez, que atrapalham os movimentos na cama, a vontade ininterrupta de fazer xixi, a dificuldade de deitar e levantar, de encontrar uma posição, o bebê grandão na barriga que desperta antes de mim e não para de se mexer.... de fato não é fácil. Mas tudo bem, está dando pra descansar e levar numa nice.
Só que não é só isso que faz uma gravidez ser diferente da outra. Comigo, a primeira gravidez foi muito mais romantizada. Era tudo lindo. Bebê mexendo, idas ao banheiro a noite toda, dificuldades naturais, fotografias..... eu aproveitei tudo. Fotografei tudo. Quis guardar tudo. E todo mundo à minha volta ajudava.... como as pessoas admiram a primeira gravidez, não é? Pois é.
Desta vez, eu já não vejo novidades... só quero que termine logo, que passe rápido... mesmo sabendo que depois que nasce, não dá pra 'desnascer' e o cansaço será grande. Só que não consigo ver tanto romantismo mais.... gosto de estar grávida, depois dos enjoos, não tive outros sintomas ruins, mas é tudo meio repetição. E a noção da realidade me deixa bem racional.
Aqui nos Estados Unidos, frequentamos uma igreja americana, da qual faz parte também uma comunidade de membros de língua portuguesa (portugueses, brasileiros, caboverdeanos). E nessa comunidade da nossa língua, não há muitas pessoas jovens ou casais mais novos, com filhos pequenos. Há, mas não muitos. Isso faz com que as pessoas se interessem pela gravidez, fiquem saudosas ao se lembrarem de filhos e netos que vivem longe e acabam vivendo esse nosso momento com a mesma intensidade que eu tive entre amigos e irmãos em Cristo no Brasil. Acontece também entre os da comunidade de língua inglesa que congrega na mesma igreja. Então, posso dizer que todo o carinho que tive na primeira gravidez - e que todos me diziam que não se repetiria na segunda - está se repetindo aqui. Isso, de certa forma, é a única coisa parecida com o que tive na gravidez da Aurora...
Vamos ver depois que a Catherine nascer....

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