quinta-feira, julho 10, 2008

Andressa

Prometi que a Andressa iria figurar o segundo post de 'cada um dos meus', logo depois da estréia com o Jorge, mas acabei demorando muito e ela ficou pro terceiro. Ainda bem que isso não vem ao caso. A gente tem muito mais história do que isso!
Meu primeiro encontro pessoal com ela foi cheio de s e de frase do tipo: "Não, reportagem de rua não. Ainda mais com polícia", "Eu venho do Rio. Na minha terra, polícia se confunde um pouco com bandido" e coisas do gênero.
E neste primeiro contato ela disse que eu tinha perfil pra fazer rua. E, como em tudo o que vi a partir daí e pelos quase cinco anos seguintes, ela tomou isso por verdade absoluta. E pronto. Se dedicou e, três meses depois, tava eu na rua, apaixonada pela arte de fazer jornalismo policial e dando um dedo pra não largar aquilo mais nunca.
Os meus três leitores sabem que eu fui sozinha pra Brasília, que larguei aqui pai, mãe, cama e travesseiro e fui desbravar o cerrado. O que algumas pessoas sabem - e a este grupo não se incluem todos o meus três leitores - é que eu, quando cheguei lá, achei que tivesse escolhido a morte. Sim, pensava que tinha ido morrer lá. Pra retardar um pouco o meu encontro com o outro lado da vida, eu preferi ocupar a minha mente: trabalhava dia e noite e, quando não agüentava mais ficar de pé, deitava pra dormir no escritório do Barra Pesada. Sim, era praticamente trabalho escravo - voluntário, obviamente.
Ao meu tempo de trabalho, invariavelmente incluía Andressa.
Primeiro porque ela estava me ensinando tudo nos meus primeiros passos jornalísticos policiais, depois porque ela tinha que evitar que eu cometesse gafes por não conhecer o DF. Ah, sem falar que a minha companhia é sempre muito agradável e ela não queria fica longe de mim um minuto sequer! Até quando eu me deitava pra dormir, ela ficava ao lado, velando o meu sono... (muitos risos).
E essa proximidade me fez criar uma explicação a respeito da Andressa (e de uma outra pessoa, que com o passar do tempo abdicou ao posto) e eu sempre falava exatamente isso, pra quem me perguntava qual a minha relação com ela: "A Andressa é a minha rocha em Brasília. No Rio eu tenho pai, mãe, irmãs e a Tathy. Aqui eu tenho a Andressa". E era exatamente isso, pra mim. Eu tinha deixado no Rio as pessoas que eu mais amava na vida e fiz uma grande amiga lá, longe de tudo.
A Andressa era conversa a qualquer momento, era amiga pra qualquer evento, companhia pra todo tipo de situação, gargalhada pra todas as piadas e vivia me vendo chorar. Eita... com absoluta certeza ela foi a pessoa que mais me viu chorar em cinco anos.
Durante o tempo em que trabalhamos juntas, fomos muito mais que produtora-repórter. Fomos amigas, irmãs, cúmplices (e bota cúmplices naquilo!) e mãe uma da outra.
Foi intenso. Foi sincero. Foi puro.
Cada briga - e tinha muuuuiiita... -, cada riso, cada gargalhada, cada mico, cada tiro, cada preso, cada entrevista, cada situação de stress, cada delegado gato, cada polícia bonito, cada fardado marrento, cada cada momento... tudo foi perfeito. E tudo mesmo. Os riscos que eu corria morando na Ceilândia - nem malhar lá eu podia, porque segundo ela ia estar na esteira e só ia ver o cano da pistola apontando pra minha testa -, as chateações que eu passava com conhecidos do meu pai, os aborrecimentos com os quais eu estava aprendendo a lidar... enfim. Tudo valeu a pena. E valeu mesmo.
Valeu tanto que, hoje, já longe do cerrado há dois anos, já com outra vida, vivendo realidade completamente diferente, dá vontade de voltar. E de voltar correndo.
Aliás, é muito mais que isso: dá vontade de voltar no tempo. E fazer tudo de novo. Igualzinho. Sem mudar nem uma vírgula!
P.S.: Talvez eu fizesse algumas coisas além das que fiz... eheheh... mas isso não influenciaria em nada do que eu relatei aí em cima!

Um comentário:

Anônimo disse...

A recíproca é verdadeira!
Amo essa pessoa chamada Flávia Anastácio e ponto. A gargalhada de Flávia Anastácio é a gargalhada. Alimenta a alma cara! Flavinha, eu sinto muito pra quem não tem a oportunidade de conhecer a Flávia Anastácio que eu tive a honra de conhecer. Amiga, eu amo você muitão mesmo. Obrigada por tudo!!!
Andressa Naves