quarta-feira, outubro 01, 2014

A comida que não é comida*

Os pais de uma maneira geral encorajam seus filhos a ingerir sanduíches, salgadinhos, achocolatados, bebidas lácteas, balas, pirulitos, chocolates, de tal maneira, que são produtos regulares da lista de supermercado. Nas saídas, os fast foods são sempre prioridade. Colocam em suas geladeiras e prateleiras de armários e dispensas produtos que não conseguem entender 10% do que esta escrito no rótulo. Adotam como verdades apenas a tradição da marca e isto basta. Se é a N***t**e porque duvidar que é um leite bom para meu filho? Porque duvidar que esse industrializado é ruim para minha família? Porque duvidar se é o pediatra que está falando, e é claro, se ele falou é verdade, eu nem preciso ler e questionar.



Quando não se atribui o entupimento desses produtos ás marcas, atribui-se a comodidade. Está tudo pronto e isso é evolução da tecnologia. Porque vou ficar horas marinando um frango, se posso colocar aquele pozinho e ficar saboroso? Ah os pozinhos! Tem para arroz, feijão, carne, legumes, tem para o leite, para a pipoca, para o patê… pó para tudo e ninguém acha que esse pó é danoso e viciante, e achariam um exagero da minha parte falar que esses são tão iguais ou piores do que aquele pozinho branco… isso mesmo… a cocaína. Mas falar isso significa que estou sendo radical demais, quase uma desinformada e ultrapassada. Bom mesmo é dar sabor e cor em tudo que minha família consome, afinal, passamos a vida toda comendo, e aqui estamos.
Estamos mesmo! Estamos com pessoas com cada vez mais câncer no aparelho digestivo, pessoas com cada vez mais obesidade, morrendo aos 30/40 anos de problemas cardíacos, pessoas com problemas nos ossos, pessoas com distúrbios alimentares. Mas associar isso a qualidade da comida pronta que se compra lá no supermercado é ser radical demais. Muito melhor acreditar que é culpa do DNA, já estava lá escrito que seria assim e ponto final, e que venha o avanço da ciência para mudar essa realidade, enquanto isso, mais uma rodada de comida pronta, por favor! Assim a consciência fica tranquila, e podemos continuar nos prazeres da mesa, cheia de cores artificiais, sabores artificiais, com cheiros artificiais. Só de curiosidade, abre lá a porta do seu armário,pegue um produto bem colorido e cheio de sabor, como uma gelatina, e veja a ordem dos produtos, que são colocados da maior quantidade para a menor quantidade, e veja onde está o sabor natural do produto que você consome. Você ficará surpreso ao saber que é está entre os últimos ou que se quer existe.
Eu escolhi um caminho: informação + ação. Ainda que seja solitário, exija maior dedicação e persistência da minha parte, uma coisa é fato. A qualidade de vida do meu marido que é diabético melhorou e muito depois de todo o processo que passamos, que tem mais ou menos 3 anos. Meu filho já nasceu nesse nosso universo de qualidade alimentar, e por conta disso desconhece o que a maioria das crianças se entope por aí. Eu que não sou magra, venho ganhando qualidade de vida e harmonizando medidas. Mais importante do que a minha estética, o que carrego comigo hoje não tem preço: que é saber que estou cuidando da saúde futura do filho. Olhar para frente e saber que se continuarmos nesse caminho, ele aprenderá fazer boas escolhas, ainda que de quando em vez coma algumas bobagens, como nós (pai e eu) fazemos de quando em vez. Saber que se for o destino dele, poderá gozar de uma vida plena, sem sofrer bullyng por excesso de peso na infância, por não desenvolver problemas como anorexia, ou compulsão alimentar na adolescência e fase adulta e menos problemas como diabetes e outros em sua velhice.
Quando penso nisso, no futuro, e vejo pais entupindo seus filhos, fico pensando? Será que o futuro de seus filhos se resume apenas a carreira profissional e quanto de dinheiro vão ter?A saúde será um problema deles e com o legado provocado pelos pais em sua infância?
Estudados, com tantos vistos no passaporte, se vestem com as melhores marcas de roupa, e quanta ignorância em relação ao que comem e dão para os filhos. Por outro lado lego engano achar que porque não tem nada disso, pode então se declarar oficialmente a legitimidade de se comer mal e colocar dentro da sua casa produtos de baixa qualidade.
Uma coisa é fato, e tenho que admitir, apontar dedos para omissão de alguns cuidadores não é justo, até porque ao apontar esses dedos para frente alguns também se viram contra mim, mas não trazer essa reflexão, continuamos todos perdendo. Por outro lado, é inegável não reconhecer a suprema responsabilidade que o sistema tem sobre essa situação, de colocar a situação da má alimentação, como natural.
O sistema através de Leis de transgênicos, liberações irresponsáveis de aditivios alimentícios, como o glutamato, educlorantes, xarope de milho, sem falar da falta de  informações e esclarecimentos sobre os rótulos  A liberação de comidas não saudáveis nas cantinas escolares também é uma forma irresponsável da atuação do sistema na questão aqui trazida.
Ledo engano novamente ,em achar que por ter envolvimento do governo, a próxima rodada de comida pronta e cheia de aditivos está liberada. Na verdade, só mostra que a batalha pela qualidade de vida da sua família, pelo futuro dos seus filhos,  começa por você, na sua casa, principalmente nas suas opções e através da busca pela informação e no repasse de conhecimento na comunidade onde vive, seus filhos estudam,e assim por diante.

*Fonte: Vila Mamífera


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