quinta-feira, julho 09, 2015

Faltando paciência

Não ando sem paciência por causa da gravidez. Que nada! Sempre fui assim e os meus três leitores sabem disso. É claro que não saio por aí explodindo com todo mundo, aliás, não faço isso com ninguém. Pelo menos não por falta de paciência. Por outros motivos sim. Quando me falta paciência, eu simplesmente falo, mesmo sozinha, do absurdo que aquilo é pra mim, ensaio desabafar em alguma postagem minúscula, mas só algumas vezes faço isso. Não sempre. E mais nada.
Só que de uns dias pra cá, ta me faltando muita paciência. Assuntos com os quais eu já não tinha, mas que estão ficando tão comuns por aí, dito e compartilhado por gente que não tem a mais vaga noção de nada, que andam me tirando do sério.
Quer exemplos? Certo. Vamos aos exemplos.
Casamento. Na minha vida, casamento foi uma bênção, é uma delícia e eu não consigo me imaginar solteira. É claro que tem a ver com o fato de eu amar o Devan, gostar da companhia dele e ser fascinada pelo bom humor diário que ele tem. Mas não é só isso. Tem a ver com o fato de que temos em Deus a nossa base e que a nossa união está sendo construída sobre a Rocha. Tem a ver com o fato de que não somos mais crianças e a maturidade é um dos fatores mais importantes para o sucesso de qualquer relação. Tem a ver com renúncia, com respeito, entendimento. E tem a ver com mais um monte de coisas.
E ver as pessoas se casando e dando-se em casamento pelos motivos mais banais, é de assustar. E me tira a paciência. Meninas de 19, 20 anos, rapazes de 22. Querem se casar, mas não querem estudar ou trabalhar. Querem ter filhos, mas não sabem o quanto custa comprar uma botija de gás todos os meses, pagar a conta de luz ou comprar dois quilos de arroz. As pessoas querem ter filhos para realizar sonhos ou, pior, para restaurar uma relação que não tem mais salvação. Ou, se têm, afinal de contas este texto não tem a função de julgar ninguém, não está num bebê. Os casais permanecem na ignorância, por motivos óbvios. A ignorância. Mas que tira a minha paciência, especialmente quando eles querem compartilhar problemas, discussões e motivos que deixam clara a incompatibilidade, ah, me tira.
Política. Ai, que isso é dos piores. De onde saíram as pessoas que não têm ideia do que estão dizendo por aí, mas insistem em falar sobre intervenção militar e oposição que, cá entre nós, nunca foi oposição? E os sem-noção que acreditam piamente que o assunto "corrupção" é privilégio de um governo do PT e nasceu há apenas três, quatro anos? Gente, isso cansa. E tenho certeza de que cansa a quase todo mundo por aí... não é possível que só eu não tenha paciência!
E sobre o povo que compartilha as coisas sem checar... bem, pra esses eu tava sem paciência oito anos atrás. É um bando de foto de ladrão, assassino, estuprador, gente perdida, sorteio de celular e mais uma quantidade inimaginável de assuntos... que me dão nos nervos. E se oito anos atrás eu perdi a paciência, agora, tenho vontade de massacrar. De banir de todos os meios sociais da face da terra: telefone, e-mail, internet, bate papo com vizinho, pensamento. Pra mim, eles teriam que ser banidos de qualquer tipo de convivência.
Entre os meus amigos, ultimamente, tenho pedido opinião sobre tudo o que envolve essa novidade da minha vida: a gravidez. Tudo mesmo. Alimentação, cuidados, pré-natal, médicos indicados, clínicas para exames, parto, resguardo, amamentação.... tudo mesmo. E tenho recebido com carinho as respostas, mesmo que sejam diferentes ou até contrárias ao que eu já pensei ou quis. Mas a paciência se esvai, quando certos donos-da-verdade tomam conta de um ou outro ser e eles baixam justamente na hora dos comentários. Há os que falam que as adeptas da cesárea são menos mães que as outras; há quem diz que preocupação com a alimentação do bebê é coisa de gente desocupada, há os que enaltecem as mulheres que são mães em tempo integral e outros que tornam as mães trabalhadores menos dignas.
E os que insistem em tentar me dar atestado de otária? Pode ser que os meus três leitores não tenham passado por isso na vida ainda. É, pode ser, embora eu duvide. Só que eles existem. É o cara que quer ser melhor que todo mundo, o empresário que tem certeza de que sabe de tudo o que há na face da terra, aquele que quer que a pessoa faça tudo do jeito dele. Tem até o Caloca. Quem lembra dele? Caloca, o dono da bola, cuja história figurava nossos livros da infância e adolescência. O menino rico da vizinhança que tinha a melhor bola de futebol da turma, juntava todo mundo pra jogar e, se perdesse um lance, um gol ou tomasse um tombo, pegava a bola de volta e ia embora, deixando a turma toda a ver navios. É, tem gente assim aos milhões.
E tem eu. Na boa? Eu, sem paciência nenhuma para este mundo. Cansada de tanta gente sem noção, sem ter o que fazer, sem amor à vida e ao próximo, sem o menor respeito pela opinião alheia.
Tão cansada que cuspi todas essas palavras aqui.... cansada mesmo.

Nenhum comentário: