quarta-feira, janeiro 03, 2018

Carta para 2017

Pra começo de conversa, to atrasada. É, aqui com essa carta, que foi um meio que eu encontrei de conversar com o ano que acabou de acabar. Na verdade, quando tive a ideia e comecei a conceber esse texto, ainda faltava algum tempo para o 2017 acabar... só que a vida não ta fácil, e eu nunca mais consegui terminar. Aliás, consegui sim. Agora, três dias depois do limite. E como eu não me dou bem com limites, vou postar assim mesmo.
2017, querido, você foi difícil pra caramba. Não todo, mas pelo modo como começou e andou por alguns meses, te coloco no nível 9, numa escala que vai até 10. E como esses alguns meses difíceis foram, tipo, bem difíceis, o ano inteiro pode ficar como difícil.
A nossa adaptação, aqui nos Estados Unidos, foi, de longe, o maior problema que enfrentamos. Chegamos no começo do inverno e quando nos mudamos para a nossa casa, em janeiro, éramos só dificuldade. Sério. Sem exagero. Se você queria ser difícil, se superou. Aurora foi um desafio a cada hora. Desaprendeu a comer e a dormir. Visto que essas duas coisas eram as únicas que ela sabia fazer aos 9 meses.... voltamos à estaca zero. Cada hora, literalmente, era algo diferente pra gente vencer. E fomos vivendo cada hora. E elas foram passando, passando. E passaram. Ó, digo sem medo de errar, que foi uma das maiores provas da minha vida. E nós conseguimos. Aurora, hoje, está adaptada. E nós, consequentemente, também. Ela dorme bem, come, deixou de mamar no peito no dia em que completou 19 meses, sem que eu fizesse absolutamente nada. Pensando bem, querido 2017, você pode não ter sido tão cruel assim.... vou pensar melhor se mudo essa palavra.
E como você foi nosso primeiro ano fora do nosso país e longe dos nossos amigos e familiares, a saudade foi outro grande mal vivido em todos os seus meses. Saudade de tudo. De andar na rua e cumprimentar as pessoas, de ir à casa da vizinha que virou amiga, de levar a Aurora no parque da rua, de encontrar as amigas íntimas, de conversar - em português - com um desconhecido no supermercado e reclamar do preço da batata, de ter o vovô e a vovó da Aurora ali, a uma porta de distância, de dirigir meu próprio carro, de ir almoçar na Birinha e ficar por lá a tarde toda sem fazer nada e comendo os doces mais gostosos do mundo, de tomar banho de piscina piscina da Neguinha.....
Mas nem só de saudade você foi feito, 2017. Os seus dias foram de descobertas também. Boas e ruins. Descobri que me desafiar é sempre bom. Vencer desafios é ainda melhor. Descobri que o maior bem que a gente tem na vida chama-se Família. A que mora na casa com a gente e a que mora longe também. Descobri que ter paz é o melhor que se pode ter. Descobri que dinheiro é necessário pra gente viver, mas não é o mais importante (muitas vezes, antes de você, 2017, eu cheguei a trocar a ordem na escala da importância).
Descobri que trabalho é mais que necessário, é fundamental, mas que ele não pode ocupar um lugar que não pertence a ele. Isso significa que família, filhos, amigos, risos e mais um monte de outras coisas também precisam ter lugar cativo no nosso tempo. Descobri que faço o melhor empadão do mundo, que tenho a filha mais linda, que cada sorriso dela me traz lágrimas aos olhos, e que cada conquista que ela faz me deixa lotada de alegria.
Descobri que por mais frio que faça por dias seguidos, o sol volta a brilhar. E, por mais que demore, o verão chega, trazendo dias de alegria infinita, parques lotados, praias cheias de gente feliz, cabelos ao vento..... e, como não falar do verão com a vovó? Sim, minha mãe veio e ficou por aqui por seis dos seus doze meses, fazendo a alegria das duas netas mais lindas do mundo! Pena que o verão se foi e ela precisou voltar pro meu pai...
Descobri, em épocas diferentes do seu decorrer, que casar uma grande amiga e não estar perto quando outra grande amiga tem um bebê, são dois acontecimentos importantes e que eu daria um dedo - ou dois - para estar com elas....
E você, 2017, também me trouxe decepções. A maior delas foi aquela, da família que foi embora pro sol e deixou pra trás o chamado de Deus, a obrigação espiritual com os filhos dEle. Essa decepção nos afastou do Pai por um curto período de tempo. E Ele, em sua infinita misericórdia, nos mostrou o caminho a seguir e colocou pessoas comprometidas na nossa vida. Hoje, eu O louvo e agradeço, de coração, por todo cuidado que nos dispensou durante todos os seus 365 dias.
Alguns dias foram amargos. Descobrimos de uma forma bem ruim, como é ser vítima de fofoca. É... não vem ao caso os detalhes do caso, mas foi bem chato. A parte boa é que a gente aprendeu que, para se confiar em alguém, é preciso cautela. E se esse alguém for da nossa terra, cuidado redobrado.
Pensando bem, 2017, você não foi tão ruim como eu pensei no começo desta carta. Agora, após lembrar das - muitas - coisas boas que vivemos me faz repensar mesmo. Você foi um ano de aprendizados. Sim, lutas muitas, mas vencidas. 
E em vez de agradecer a você e aos seus 365 dias, eu agradeço a Deus e O louvo por cada momento, cada lágrima, cada vontade de ir embora, cada hora de busca, cada alegria, cada sorriso...... cada movimento feito em 2017 foi minuciosamente planejado por Deus. E tenho absoluta certeza de que estamos no caminho certo e que este 2018 será infinitamente melhor. Infinitamente mesmo.









Tchau, 2017... até nunca mais!

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