No momento em que contei pro Devan que estava grávida, ele
entendeu perfeitamente o que significava e naquele exato instante, começou a se
sentir pai. Ta, talvez seja um pouco de exagero, mas se não foi no exato
instante, foi alguns instantes depois. Mas foi logo. Loguíssimo, eu diria.
Comigo, porém....
Fiz a primeira ultra, sozinha. Ouvi coração do bebê e vi
aquela manchinha na tela. Na minha cabeça, nada. Levei o resultado do exame pro
Devan, com todas aquelas fotos em preto e branco, que a vida inteira eu não
consegui entender quando se tratava da gravidez de outra pessoa. E continuo
assim. Pois ele viu aqueles borrões e disse exatamente o que o médico tinha
visto. Apontou cada parte da manchinha e disse o que era. E a minha ficha,
nada.
Fiz a segunda ultra, de novo sem ele. Ouvi coração e me
assustei com a emoção da médica: “Olha ali, o seu bebezinho! Gente, Deus é
mesmo perfeito”. Foi ela quem disse. Eu respondi: “Urrum”. Porque a minha
ficha, nada. Levei as imagens em DVD pra casa e no momento em que eu coloquei a
mídia pra rodar, o Devan repetiu as palavras que a médica usou pra me explicar
os borrões: “olha só, aqui, é o brotinho do braço. Aqui, o brotinho da perna”.
Certo. A minha ficha, nada. E o Devan, emocionado. Como a médica que eu nunca
mais vou ver.
A terceira ultra foi com 13 semanas e ele estava comigo. Eu
estava meio apreensiva, porque este exame específico serve para os médicos
tirarem umas dúvidas sobre a estrutura do bebê. A tela acendeu com a imagem
embaçada do bebê e pronto, o Devan disse: “Puxa, como é grande!”. A médica
disse: “não, ainda é pequenininho, tem só nove centímetros” e ele respondeu: “Nove
centímetros, pequenininho? Gente, é isso!”, e mediu com o dedo indicador e o
polegar o que são 9cm. Apontou braço, perna, disse que o bebê não sossega um
minuto, que vai ser como eu... a médica achou muito legal e deu a opinião dela
sobre o sexo do bebê, lembrando que não era pra sair comprando nada, porque
nesta época da gravidez a possibilidade de acerto do sexo é de 51%. Mesmo
assim, o Devan voltou pra casa, emocionado. E a minha ficha, nada.
Aí, as minhas calças jeans passaram a não fechar, minha
barriga coça muito, tomo diariamente um comprimido de Omega3 que me faz arrotar
peixe o dia inteiro, passei a ter tontura e tenho uma fome que não é minha. Mesmo
assim, cadê a ficha? Nada.
Dia desses encontrei uma super promoção de fraldas
descartáveis na internet. Comprei duas caixas, pra aproveitar a oportunidade.
As fraldas chegaram alguns dias depois e aquele cheirinho invadiu a casa. O
Devan quase chorou. E eu?
A verdade é que ele se diverte. Conversa com o bebê antes de
dormir, conta como foi o dia, fala alguma coisa de mim. Na manhã seguinte,
quando eu levanto pra trabalhar, ele dá bom dia, faz recomendações à minha
barriga e me liga o dia inteiro pra saber se o bebê está bem. E, mesmo assim,
na minha cabeça, nada ainda. Devo ser muito insensível mesmo, não é possível.
Há alguns dias, comecei a sentir a barriga tremer, sempre de
madrugada. Acordo com aqueles tremeliques, me viro na cama e volto a dormir. No
dia que contei pro Devan que isso vinha acontecendo há duas noites, ele ficou
bravo porque eu não o acordei pra falar. “Não precisa você acordar por isso,
não dá pra sentir ainda. Só eu sinto”. E ele, surpreendentemente disse: “Mas eu
quero ver a sua cara quando o bebê mexe!”. Ta bom, a ficha dele acho que já ta
lá no dedão do pé. E a minha.... bem, nem preciso dizer.
Pois muito bem. Isso tudo, até hoje. Com quase 18 semanas,
os móveis do quarto do bebê foram montados. Sei que é cedo pra arrumar tudo,
mas como meu pai ficou muito emocionado com o primeiro neto, deu os móveis de
presente. Além da emoção, ansiedade pra ver logo tudo montado.
Pois bem, hoje os móveis foram montados. Primeiro, o
guarda-roupa. Branco, simples, sem nada que lembre um guarda-roupa de bebê. Eu
tava ocupada fazendo outras coisas pela casa e nem vi. De repente, quando eu
passo pela porta do quartinho, o berço ta lá, montado.
Não sei explicar o que
senti. Sério. Não tem explicação. Talvez uma mistura de “o bebê está mesmo aqui”
com “meu Deus! É aqui que ele vai dormir!”. Talvez. Porque pensando agora, me
lembrando de como foi, não parece nada disso. É um misto de gratidão a Deus com
medo de alguma coisa dar errado. Ou um misto de alegria com outro sentimento,
que não tem nome ainda... não sei bem. Vontade de chorar, de rir, de contar pra
todo mundo, de arrumar tudo. Vontade de ver o bebê ali, deitado, dormindo,
sorrindo, mexendo os braços e as perninhas....
De fato não tem o que explicar. Uma coisa eu sei bem: a
ficha caiu.
2 comentários:
Huhullll!!!!
Vc virou mãe!
ufaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... Agora sim, Frávia mamãe... Que feliz amiga... que seu bebe chute bastante essa sua barriga e de muitas alegrias pro papai, mamae, e todos... Ah detalhe, eu tb falo bastante com ele aki na 88... quando nascer vai conhecer minha voz!!! amo Vc!
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