Quando éramos crianças, minha mãe tinha mania de nos chamar de Valentina, pra que mostrássemos o quanto éramos valentes. "Comeu tudo, Valentina?", "assoe o nariz com força, Valentina", "que roupa linda, Valentina". E desde sempre achava lindo este nome. E ficou muito mais lindo, na minha opinião, quando, há mais de 20 anos, alguma atriz teve e uma filha linda e a chamou Valentina. Ouvi alguém dizer: "A Valentina dela é uma boneca!". Pronto, passei a associar beleza ao nome. Além de valentia, que aprendi na infância.
E desde sempre, minha filha seria Valentina.
Quando namorava, e o Devan falava em ter filhos, meus pais começaram a chamar o bebê que ainda estava muito longe de chegar, de Tininha. Ai, meu coração! Que decepção! Uma vontade imensa de chorar, cada vez que eu ouvia a "forma contrata" do meu nome preferido.
A essa tamanha decepção - e raiva por transformarem um nome tão lindo num apelido, somou-se, então, a febre que virou o nome Valentina de uns anos pra cá. Na minha vida, a priminha, a filha da manicure, a sobrinha do vizinho, a afilhada da colega de trabalho, o neném que ia nascer semana que vem, a filha da funcionária do meu pai.... De repente, toda menina que nascia no mundo era Valentina.
Foi suficiente. Desisti do nome muito antes da gravidez.
Com nomes de menino, foi mais fácil. O Devan queria Lorenzo. Eu não. Sempre quis nomes simples, brasileiros, pouco comuns. E só consegui convencê-lo de que Lorenzo não era uma boa opção, quando mostrei uma matéria mostrando que o nome estava entre os dez mais escolhidos. "Na pré escola, nosso filho vai ter cinco colegas com o mesmo nome". Meu outro argumento era de que o menino ia ser vítima de bullying, por ser mulatinho com nome italiano, embora este motivo nunca tenha surtido o efeito desejado no Devan.
Mas funcionou o outro. Ótimo.
A escolha de "Aurora" foi do Devan. A justificativa, em Provérbios 4:18: "A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito". Escolha aceita. Para menino, paramos em algumas possibilidades, porque logo descobrimos que nosso bebê seria mesmo a Aurora.
E aí, nosso velho problema. Ta, "meu" velho problema: apelido. Meus pais começaram a chamar a pobrezinha de "Rorinha". Ai, Jesus! Vontade de chorar! Primeiro que, se o nome é Aurora, chamemos de Aurora. Nada de confundir a cabeça e a personalidade da criança. E se algum especialista disser que isso não confunde, mudo de argumento: nada de apelidos, porque o nome dela é Aurora.
E pra evitar que Rorinha virasse o nome da minha filha, antes mesmo de ela nascer, sentei e conversei. Pedi por favor, expliquei. E eles acabaram, meio a contragosto, aceitando. Mas cheguei até a ouvir deles que iriam chamá-la de Rorinha quando estivessem longe de mim. Hoje não falam mais. É Aurora e pronto.
Nada de apelidos. Aurora. Simples assim.
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